O «AVANTE!» LEGAL


Artigo "Os comunistas no governo provisório"

17 de Maio de 1974Este é o primeiro «Avante!» legal. Este é o primeiro órgão de imprensa do Partido Comunista Português publicado legalmente depois do golpe fascista de 1926.

A mudança radical operada na vida política portuguesa depois do 25 de Abril tem na publicação legal do «Avante!» um testemunho flagrante. Ele assinala a vitória das forças democráticas sobre o fascismo e ficará como o melhor símbolo da conquista pelo povo português da liberdade de expressão de pensamento, da liberdade de Imprensa, designadamente.

Ao longo de mais de quarenta e três anos, o «Avante!» clandestino foi uma arma valiosa na luta contra a exploração capitalista, a opressão fascista, a guerra colonial, a dominação imperialista. Foi a voz irreprimível do PCP, a voz da classe operária, a voz dos explorados e oprimidos de Portugal. Foi um órgão de informação livre, num Portugal amordaçado. Disse a verdade sobre o nosso povo e outros povos num clima de deturpação e mentira. Foi uma grande trincheira da resistência ao fascismo. Foi um «organizador colectivo» dos comunistas, dos trabalhadores, de todos os antifascistas. Foi um órgão de consciencialização e orientação, um grande mobilizador das massas populares na luta pelo pão, pela liberdade, pela independência nacional, pela independência dos povos das colónias.

A história do «Avante!» está indissoluvelmente ligada à história do PCP. Aparecendo pela primeira vez em 15 de Fevereiro de 1931, o «Avante !» completou 43 anos de publicação clandestina e sai, desde 1941, regular e ininterruptamente. Alvo preferido da actividade criminosa da Pide/DGS, o «Avante!» pôde resistir e chegar mensalmente às mãos de milhares e milhares de portugueses, durante tantos anos, porque foi a criação e o órgão de um Partido solidamente organizado e profundamente enraizado nas massas populares, porque foi servido na redacção, nas tipografias, na distribuição, por comunistas abnegados e totalmente devotados ao Partido. De entre estes recordamos os nomes de José Gregório, Maria Machado, Dias Coelho e José Moreira, os dois últimos assassinados pela Pide. Recordamos também o exemplo anónimo de tantos comunistas que trabalhando para o «Avante!» e para o Partido viveram dezenas de anos na clandestinidade, sofreram longas penas nas prisões, suportaram a tortura e foram assassinados. Saudamos todos os obreiros do «Avante!» clandestino, expressamos-lhes a eterna gratidão do Partido, certos de que somos acompanhados neste sentimento pela classe operária, pelas massas trabalhadoras, por todas as pessoas progressistas de Portugal.

O «Avante!» surge legal para continuar o combate em novas condições. Portador dum nome glorioso, órgão central do Partido Comunista Português, o «Avante!» continua ao serviço da classe operária e restantes trabalhadores, reflectirá os seus anseios e reivindicações, pugnará pelos seus interesses, apoiará firmemente a sua luta. O «Avante!» é o porta-voz autorizado da política do Partido Comunista Português em todos os domínios. Cabe-lhe impulsionar a luta pela democracia, pela independência nacional, pelo fim da guerra colonial, pelo socialismo.

A transformação do «Avante!» clandestino num órgão de informação legal exige que se alterem completamente as condições da sua produção. Isto não se consegue em poucos dias. O primeiro «Avante!» legal apresenta lacunas, omissões, improvisações várias. Mais do que fazer uma obra perfeita pareceu-nos essencial intervir já, como podemos, levando a voz do PCP e as sua posições à classe operária, às massa populares.

Tomando como objectivos imediatos a consolidação e o alargamento das liberdades, o fim da guerra colonial, a realização de eleições livres para uma Assembleia Constituinte e a instauração em Portugal de um regime democrático, apelamos daqui, das colunas do primeiro «Avante!» legal, para:


«Avante!» Nº 1 (Série VII) - 17.Maio.1974