PCP


Carlos Carvalhas em Alcácer do Sal


O Governo está a criar «economia virtual»



Para apresentação dos candidatos da CDU à Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Alcácer do Sal, realizou-se no passado sábado, na Escola Bàsica 2+3 Pedro Nunes, no Bairro do Morgadinho, um almoço convívio com a participação do Secretário Geral do PCP, Carlos Carvalhas. Na intervenção que durante o almoço proferiu (de que transcrevemos extractos), Carlos Carvalhas, denunciando a política deflacionsta que em obediência aos critérios de Maastricht tem posto um travão ao crescimento económico, acusou o Governo socialista de estar a «criar um sucedâneo da teoria do oásis», em que os trabalhadores e os cidadãos em geral não se revêem.


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Não é com contabilidades criativas, nem com engenharias estatísticas para se fabricarem indicadores económicos e sociais favoráveis que o Governo altera a realidade.
O Governo diz que a economia vai bem, que o desemprego está controlado e que a inflação continua a descer, mas as pessoas é que não o sentem porque tais indicadores são virtuais. E as pessoas não vivem com economias virtuais.
É uma realidade também comprovada aqui em Alcácer do Sal que projectos de investimento continuam a ser empurrados pela máquina burocrática, demorando, na maioria dos casos um ano a ano e meio a decisão para a sua aprovação.
É uma realidade que no país tem aumentado o desemprego na indústria e nos serviços. O aumento do emprego na agricultura é uma ficção, como é uma ficção o aumento dos empregados a título individual por conta própria. Basta alguns trabalharem uma hora numa empresa agrícola sua ou de outrem na semana anterior ao inquérito para o INE o considerar empregado.
Também é sabido que o crescimento económico tem sido travado por uma política deflacionista, pelo fundamentalismo dos critérios de Maastricht.
O modesto crescimento que se verificou deve-se no fundamental a dois ou três grandes projectos de obras públicas e ao sector automóvel (a Expo, Ponte Vasco da Gama e 25 de Abril, Auto Europa...) o que só por si nos dá a medida da fragilidade deste crescimento que mesmo assim tem sido inferior ao da vizinha Espanha.
E quanto à inflação o seu controlo deve-se no essencial, não ao aumento da produção nacional, mas à substituição da produção nacional pela estrangeira à custa de um escudo caro.
E sendo certo que a taxa de inflação tem vindo a baixar, o seu valor está longe de traduzir a realidade do custo de vida para o cabaz normal das compras dos vários estratos populacionais. Talvez por isso o Governo não mostre pressa em concretizar o inquérito às receitas e despesas familiares...
O Governo está assim a criar uma economia virtual (um sucedâneo da teoria do oásis) em que os trabalhadores e os cidadãos em geral não se revêem.

E a citação de documentos internacionais como argumento da autoridade é outro velho truque. Toda a gente se lembra das linhas laudatórias do «Finantial Times» pagas a peso de ouro com anúncios e toda a gente sabe que a Comissão de Bruxelas elabora as suas previsões (que quase sempre falham) a partir dos dados nacionais e que a Comissão está interessada, também ela, em fabricar um clima róseo para melhor aceitação do Euro pelos povos. E isto ficou claro esta semana quando a Comissária Emma Bonino declarou que a Comissão «manipulou» previsões... Fica o Banco de Portugal cujos governadores são nomeados pelo Governo e o FMI que aponta para o aumento do desemprego em Portugal...
Infelizmente desenvolvem-se factores de crise social e acentuam-se fragilidades no aparelho produtivo. A vida real não se enquadra nas cores com que o Governo quer pintar a situação.
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