24 MAIO
Comício Internacional de Lisboa
No dia 24 de Maio temos encontro
marcado no Campo Pequeno. Para uma grande jornada internacional
de luta pelo Emprego com Direitos, inserida na campanha
conduzida pelo PCP pelo "Não à Moeda Única; Sim ao
Referendo !". E para dar mais força aos valores da
cooperação e da solidariedade internacionalista dos
trabalhadores, dos povos, dos comunistas, das forças
progressistas. Estamos certos que a Praça de Touros do Campo
Pequeno, recinto emblemático de grandes momentos de luta
popular, será efectivamente "pequeno" para acolher a
expressão de tantas lutas contra as consequências da marcha
forçada para a moeda única e da crescente exigência de uma
outra Europa, construída pelos povos e para os povos, uma Europa
de progresso social , paz e cooperação.
Sim, que sejam os povos a decidir do
seu próprio futuro, que os povos decidam o futuro da
Europa, será um dos lemas centrais do Comício Internacional
de Lisboa. Ali o teremos inscrito nas línguas dos países da
União Europeia , como expressão de uma campanha inserindo
acções e reivindicações imediatas muito diversificadas, mas
norteada pelo mesmo objectivo fundamental de combate ao actual
processo de construção europeia, feito nas costas dos povos e
contra os seus interesses vitais. Um processo comandado pelo
grande capital, de sistemático desmantelamento de conquistas e
direitos alcançados pela luta de gerações em que o desemprego
massivo, a precarização das relações laborais, o alastramento
da pobreza e da marginalização social, correm a par com uma
gigantesca centralização e concertação do capital e da
riqueza e o avanço de perigosas tendências militaristas e de
regressão democrática.
A importância e oportunidade
política do Comício Internacional de 24 de Maio deve ser
particularmente realçada. Desde logo porque se realiza no
contexto de grandes lutas operárias e populares, pelo direito ao
emprego e a um emprego com direitos, um problema crucial de
civilização que a actual fase do capitalismo coloca à
humanidade. Tal é o caso da luta determinada dos 3 mil
trabalhadores da filial da Renault de Vilvorde e o amplo
movimento de solidariedade que suscitou , sem esquecer que em
Portugal, na Grécia, na Alemanha, na França, na Itália e em
muitos outros países se tem desenvolvido, impondo em muitos
casos importantes vitórias parciais. Depois porque a nível da
União Europeia e da NATO - nomeadamente com a cimeira da U.E. de
Amesterdão em 15/16 de Junho sobre a revisão dos Tratados e a
Cimeira da NATO de Madrid de 5/6 de Julho - se preparam graves
decisões que afectarão duradouramente o futuro dos povos da
Europa. Por fim porque entre as classes e potências dominantes
se manifestam dificuldades e contradições que a luta popular
agudiza e que é urgente aprofundar para deter corrida para o
abismo e abrir caminho a alternativas de progresso social. A
convocação de eleições antecipadas em França, constituindo
uma manobra sem escrúpulos determinada pelo calendário de
medidas de super-austeridade exigidas pelos critérios de
Maastricht, põe simultaneamente em evidência a crescente
redução da base de apoio do governo de direita francês e da
sua política antipopular.
A alternativa à Europa do grande
capital só pode resultar da luta quotidiana e determinada contra
o monstro que pretendem impor-nos. Luta das massas populares em
que cabe à classe operária , como a própria realidade está a
confirmar, o papel de primeiro plano. Luta em cada país
necessariamente, arrancando da concreta situação aí existente
nos planos económico, social, político e nacional. Mas
simultaneamente luta comum ou convergente dos trabalhadores e dos
povos no plano europeu (e mundial), com o fortalecimento da
cooperação e solidariedade dos comunistas e outras forças de
esquerda e progressistas. É nesta perspectiva que se insere o
Comício Internacional de Lisboa do próximo dia 24 de Maio. O
facto de estar prevista a participação de 14 partidos de 11
países, a maioria dos quais ao mais alto nível, é em si mesmo
um acontecimento político relevante. E um forte motivo de
renovada confiança na força da luta popular e no valor da
solidariedade internacionalista.
Albano Nunes