PCP

Reuniu o Comité Central do PCP


PCP protagoniza
a luta por uma viragem à esquerda

- afirma Carlos Carvalhas ao «Avante!»



Ontem, à hora do fecho do nosso jornal, decorria no Centro de Trabalho do PCP, na Rua Soeiro Pereira Gomes, uma reunião do Comité Central que se prolongou por todo o dia. Em breve conversa com o «Avante!», num intervalo da reunião, o Secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas falou-nos sobre alguns dos pontos que estavam a ser abordados pelo Comité Central e reafirmou posições do PCP sobre diversas matérias.


A reunião, disse-nos, teve por objectivo analisar e debater aspectos fundamentais da situação política nacional e as tarefas e intervenção do PCP. Como traços mais significativos da situação actual, Carlos Carvalhas afirmou existir hoje na sociedade portuguesa «uma consciência muito ampla de que o PS, nas questões fundamentais, prossegue e em muitos aspectos agrava, as linhas da política de direita, antes concretizada pelo PSD». E, como consequência, «cresce o desencanto, a frustração e o descontentamento popular e, com ele, o movimento de protesto e de luta dos trabalhadores e de vários sectores sociais».

Neste contexto, o PCP aparece como a «principal força de efectiva e verdadeira oposição à política do Governo», como a força que apresenta propostas alternativas e que «destacadamente protagoniza a luta por uma outra política, por uma viragem à esquerda», num quadro político em que se multiplicam as convergências entre o PS, PSD e PP nas questões mais decisivas e estruturantes.

Quem analisar a situação política «com verdade e rigor», necessariamente chegará a esta conclusão, o que se tem vindo a traduzir pelo crescimento de um «movimento de atenção, interesse e apreço político pelas posições, iniciativas e intervenções do PCP», afirmou o dirigente comunista.

Entretanto, para o PCP, Governo em vez de responder aos problemas do país, «intensifica a propaganda e a publicidade enganosa» para tentar iludir a opinião pública e mascarar as suas responsabilidades. «Aqui e ali cede perante as pressões» mas «o seu estilo dominante é o da arrogância». Outra das preocupações do Governo, considerou Carlos Carvalhas, tem sido procurar defender a imagem do Primeiro-Ministro e «passar as culpas» para as críticas (e «asneiras») que as bases e membros do PS têm feito, como se estas não fossem de facto o resultado já de uma política. «Uma "nova maioria" que envelheceu depressa», ironizou Carlos Carvalhas. E a «bandeira da regionalização» que o PS agora acena não passa de uma bandeira de «conveniência», para acenar até às eleições autárquicas.

Aliás, na questão da regionalização, o PCP já afirmou que não acompanharia o PS nas suas convergências com o PSD, já que nesta matéria o único compromisso que os comunistas têm com o País é o da criação e instituição em concreto das regiões administrativas, pelas formas previstas e normas constitucionais actualmente em vigor. Por outras palavras, «o PS escusa de ter ilusões de que poderá contar com os votos ou com o apoio do PCP para superar as dificuldades e a trapalhada que cozinhou com o PSD», concretiza Carlos Carvalhas. Ele «que assuma as suas responsabilidades!»

Outros assuntos em discussão no Comité Central, adiantou ainda o Secretário-geral do PCP ao nosso jornal, foram a revisão constitucional, a moeda única e a revisão do Tratado de Maastricht, a luta contra a política de direita do Governo e as privatizações, o reforço do PCP, a preparação das eleições autárquicas, a intervenção institucional e as tarefas e prioridades que os comunistas têm pela frente.