EM FOCO

O 1º de Maio no Mundo


O mundo do 1º de Maio



O mundo foi invadida de bandeiras vermelhas na passada quinta-feira. Aproveitando as comemorações do 1º de Maio, milhões de pessoas sairam às ruas relembrando a luta histórica dos trabalhadores e acima de tudo exigindo aumentos saláriais, melhores condições de trabalho e a manutenção dos direitos sociais conquistados.


Nas ruas de Paris, em França, 60 mil manifestantes exprimiram as suas reivindicações laborais, aproveitando a ocasião para condenar as ideias de extrema-direita defendidas pela Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen.

Contra o neoliberalismo, o desemprego e a exclusão, 15 mil pessoas desfilaram também em Marselha, 12 mil em Toulouse e cinco mil em Bordéus. As reivindicações passaram também pelo fim das discriminações entre sexos e raças.

A algumas semanas das eleições legislativas antecipadas, marcadas para dia 1 de Junho, os trabalhadores franceses manifestaram-se «pelo emprego e a fraternidade». «O liberalismo é a brutalidade. O sindicalismo, a solidariedade», lia-se num cartaz na capital.

Em Espanha, onde segundo as últimas sondagens 22 por cento da população activa está desempregada, o emprego estável e o Estado de bem estar social foram as reivindicações mais ouvidas. A manutenção da saúde e da educação públicas foram exigidas pelos muitos trabalhadores que desfilaram em Madrid.

O 1º de Maio decorreu uma semana depois da assinatura de um acordo entre alguns sindicatos e as entidades patronais sobre a reforma do mercado de trabalho, que prevê um novo modelo de contrato por tempo indefinido com a contrapartida de uma redução das indeminizações por despedimento. A Esquerda Unida liderada por Julio Anguita do PCE afirma-se contra o documento.

Na Alemanha, dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se contra o desemprego crescente e o racismo. Oskar Lafontaine, líder do SPD, discursou contra a política liberal do chanceler Helmut Kohl.

Um manifestação seguida de um gigantesco concerto foi a forma de 500 mil italianos assinalarem o Dia do Trabalhador, enquanto na Turquia os trabalhadores foram impedidos de se manifestarem por um conjunto de 12 mil polícias.

Na República Checa, apesar da chuva e do frio, 70 mil pessoas participaram em diversos eventos, manifestando-se contra o coligação governamental de direita e a crise económica que afecta o país, as deficiências nos serviços de saúde e educação e os problemas laborais no sector dos caminhos de ferro.

Em Praga, 20 mil checos responderam ao apelo do Partido Comunista da Boémia e Morávia (KSCM), bem como muitos outros milhares em outras zonas do país. No total, o KSCM organizou mais de cem eventos nesse dia.

Na Coreia do Sul, milhares de assalariados invadiram as ruas de Seul para pedir a abolição do novo Código do Trabalho. No Japão, dois mil pessoas exigiram uma real cobertura social.

Em Havana cerca de um milhão de pessoas (quase metade da população da cidade) desfilou durante três horas pela Praça da Revolução.
O 1º de Maio esteve voltado para a afirmação da soberania, para a defesa da independência. Transmitiu uma resposta clara à Helms-Burton, à política de agressão económica norte-americana, à guerra suja não declarada dos EUA contra o único regime socialista do Ocidente. Uma resposta que estava nas canções, na música, nas palavras de ordem, na coragem de um povo que não conhece o medo.
Bandeiras comunistas de partidos irmãos, emergindo da floresta de cartazes, faixas e galhardetes cubanos davam a nota da solidariedade internacionalista com a Ilha cossada. Entre elas uma do PCP, empunhada por um casal de militantes de Lisboa.
Em cada capital de Província o espírito da jornada foi o mesmo. A participação de mais de três milhões de pessoas nos desfiles fez deste 1º de Maio, segundo a televisão e a imprensa, o maior de sempre.