TRABALHO

Comunistas de Braga respondem a Guterres


«A Grundig manda no Governo»

A administração despede agora,
para depois receber subsídios pela criação de novos postos de trabalho,
precários e sem direitos - denuncia a direcção regional do PCP



Reagindo segunda-feira a declarações do primeiro-ministro acerca do despedimento de uma centena de trabalhadores do Complexo Grundig/Blaupunkt - dizendo que o Governo não manda na Grundig, foi feito um conjunto de diligências mas não surtiram efeito... -, o secretariado da Direcção da Organização Regional de Braga do PCP considerou que as afirmações de Guterres «revestem-se da maior gravidade e são motivo de profunda indignação».

«O Governo não manda na Grundig, mas a Grundig manda no Governo», respondem os comunistas, acusando: «O PS e o seu Governo estão amarrados aos compromissos impostos pelo poder do grande capital e pelas grandes potências europeias, em primeiro lugar a Alemanha e a França. É esta a lei da União Europeia de Maastricht que nos querem impor e que o Governo do PS, como antes os governos do PSD, aceitou.»

O PCP reafirma que há necessidade de pessoal noutras empresas do complexo industrial, as quais deveriam absorver os trabalhadores da GIP. Mas a multinacional empurrou-os para o desemprego, com objectivos denunciados pelos comunistas: «O que a administração quer é lançá-los agora no desemprego e depois criar postos de trabalho. O Estado - o Governo - nessa altura intervém, para dar apoios à criação desses postos de trabalho e transferir subsídios da Comunidade Europeia. A administração vai depois escolher o pessoal que quer meter, com contratos a termo e sem direitos, para melhor os explorar.»

Anteontem a Comissão Concelhia de Braga do PCP expressou a sua solidariedade aos 107 trabalhadores que receberam cartas de despedimento e levantou muitas dúvidas quanto à promessa do presidente da Câmara Municipal, de dar emprego no município a 30 pessoas, no imediato, e aos restantes despedidos, no prazo de um ano. «O Governo PS não quis apoiá-los quando devia. Abandonou-os e curvou-se, servil, ao poder da multinacional alemã. Não é eticamente aceitável, nem politicamente sério, que se aproveite agora esta situação para fazer propostas em cima da hora, promessas vagas e abstractas» - afirma a concelhia.