INTERNACIONAL



É urgente desminar o planeta



O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lançou um «apelo especial» para a angariação de um montante de 12,24 milhões de dólares (2 milhões de contos) para assistência às vítimas de minas antipessoal.


Segundo os dados disponíveis, estima-se que haja em todo o mundo pelo menos 250 mil deficientes devido ao rebentamento de minas antipessoais, que fazem uma vítima em cada 20 minutos. A questão deverá ser analisada na Conferência para o Desarmamento, reunida em Genebra, admitindo-se que venha a ser elaborado um tratado internacional sobre a utilização daquele tipo de armas.

A utilização das minas antipessoal tornou-se num verdadeiro flagelo para as populações civis, que são as suas principais vítimas, dado que quando não se autodestroem prolongam os efeitos da guerra, impedindo, nomeadamente, a retoma de actividades económicas.

De acordo com informações do CICV veiculadas pela agência Lusa, vinte e cinco países enfrentam actualmente um «estado de crise» por causa das minas que infestam o seu território. As regiões mais afectadas são Angola, a Eritreia, Moçambique, Somália (norte do país), Afeganistão, Cambodja, Bósnia e o Iraque (Curdistão).

Cento e dez milhões de minas terrestres antipessoal estão disseminadas por 64 países e há outras tantas em reserva em arsenais de todo o mundo. Sessenta e cinco milhões de minas antipessoal foram colocadas depois de 1980, data da entrada em vigor da convenção sobre as armas clássicas que visou regulamentar a sua utilização.

A resolução do problema passa necessariamente pela proibição do uso de tais armas, tanto mais que a experiência demonstra que os elevados custos da sua desactivação constituem um sério obstáculo à respectiva remoção (o preço de uma mina varia entre 510 e 5.100 escudos, mas procurá-la e desactivá-la custa entre 51 a 170 mil escudos). Acresce que por cada 5 mil minas desactivadas, um sapador morre e dois outros ficam feridos.

Brutais são igualmente os custos sociais das sequelas provocadas pelas minas. Segundo o CICV, que já disponibilizou próteses a 60 mil vítimas de minas de 21 países desde 1980, 30 por cento dos feridos por minas têm de sofrer amputações, sendo que uma criança com 10 anos ferida por mina, à medida que cresce, terá sucessivamente necessidade de 25 próteses durante a sua vida, o que representa um custo de mais de 530 contos. Nos países com fracos recursos, justamente onde a utilização destas armas é mais frequente, a maioria dos amputados fica condenado ao uso muletas.

Ao ritmo actual de desminagem, diz o CICV, e se nenhuma nova mina for colocada, serão necessários onze séculos e 33 mil milhões de dólares para eliminar todas as minas colocadas no planeta.