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Exames do12º ano
As broncas continuam


Nos exames do 12º ano nem todos os alunos tiveram as mesmas condições de igualdade no que se refere aos conteúdo das disciplinas em que tiveram de prestar provas. A denúncia foi feita pela deputada comunista Luisa Mesquita que critica o facto de o Ministério da Educação ter não apenas alterado ao longo do ano por mais que uma vez os conteúdos de várias disciplinas como ainda ter feito chegar às escolas essas directrizes a descompasso.

Chegou mesmo a dar-se o caso de uma escola onde sempre se leccionou o ensino secundário, como relata Luisa Mesquita em requerimento sobre o assunto dirigido ao Governo, em que os professsores só tomaram conhecimento dos documentos onde o Ministério definia os ajustamentos aos conteúdos depois do terminus do ano lectivo para os alunos do 12º ano, mais exactamente umas horas antes da realização dos primeiros exames, no passado dia 17.

Entre as vicissitudes por que passaram alunos e professores - num quadro que no entender de Luisa Mesquita é perfeitamente inadmissível - , conta-se ainda o alargamento aos alunos que este ano frequentaram o 12 º ano das orientações gerais dos programas que inicialmente estavam destinadas apenas aos alunos que iniciassem o 10º ano no ano lectivo de 96/97.

Depois dos professores adaptarem o ano lectivo às novidades presentes na nova gestão de programas, esclarece a parlamentar do PCP, os professores viram desaparecer conteúdos que consideravam importantes e aparecer outros que passaram a sê-lo, de forma inesperada, embora fossem conteúdos dos 10º, 11º e 12º anos e o tempo disponível fosse um único ano lectivo para realizar todos os ajustamentos.

As peripécias, porém, não acabam aqui. No 3º período, mais exactamente a partir de Abril de 1997, muitas escolas receberam um outro documento titulado «Conteúdos Significativos e Provas Modelo» de todas as disciplinas e para todos os cursos do 12º ano, explica Luisa Mesquita.

"Agora os conteúdos eram novamente ajustados, fazendo desaparecer alguns dos anteriormente considerados importantes. Mas tão grave ou mais é o facto deste último documento veicular informações contrárias àquelas que as «Orientações Gerais» haviam transmitido no início do ano lectivo", sublinha Luisa Mesquita, que interroga o Ministério quanto às medidas compensatórias que este pensa adoptar no "sentido de minimizar as consequências resultantes das desigualdades com que foram tratados os alunos".

 

Frustração e engano

Falhas graves houve ainda nas provas de Português B do 12º ano. O alerta partiu igualmente da deputada Luisa Mesquita através de um requerimento onde indaga o Governo sobre as razões que levaram, por um lado, à divulgação de uma prova modelo cujo conteúdo e estrutura foi diverso do que viria a ser o exame, e, por outro, à elaboração de provas com elevada diferença no grau de dificuldade entre as humanas e as áreas tecnológicas e científicas.

"Foi com dupla frustração e engano que os alunos se aperceberam que os colegas das áreas vocacionadas para as Humanidades tinham tido um teste muito mais acessível do que todos aqueles que constituem o contingente dos alunos vocacionados para as áreas tecnológicas e científicas", comenta a parlamentar comunista