INTERNACIONAL



Esquerda Unitária Europeia
reuniu em Estocolmo


O Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica (GUE/NGL), do qual fazem parte os deputados do PCP ao Parlamento Europeu, realizou recentemente as suas jornadas de estudo em Estocolmo, na Suécia.

Durante dois dias os 33 deputados do Grupo estiveram reunidos no parlamento sueco, o Riksdagen, cumprindo um programa preparado pelos anfitriões, o Partido de Esquerda da Suécia. Aí debateram dois temas principais: "A União Europeia e o Terceiro Mundo" e "A União Europeia e as Mulheres", com a participação de especialistas convidados, nomeadamente os economistas Stefan de Vylder e Agneta Stark, com um vasto trabalho em cada uma das áreas.

Outro tema abordados com particular entusiasmo, por força das circunstâncias, foi o desenlace das eleições francesas e a participação de ministros comunistas no governo, com os deputados do PCF a serem literalmente "assediados" pelos demais membros do Grupo.

A deslocação à Suécia foi complementada pela realização de algumas iniciativas paralelas aos debates. Num dos dias realizou-se uma visita ao bairro de Rinkeby, um subúrbio da capital sueca, no qual 70% dos habitantes são de origem estrangeira. País de acolhimento no pós-guerra, a Suécia recebeu uma vaga de imigrantes, muitos dos quais exilados políticos e refugiados, alguns dos quais portugueses. Um dos problemas que agora se sente é precisamente o levantar de obstáculos a qualquer tipo de imigração, particularmente decorrente da adesão do país à União Europeia. Apesar disso, o Estado de bem-estar sueco enquanto funcionou, funcionou para todos. Inclusivé para os imigrantes e refugiados, o que é bem visível em Rinkeby, onde as infraestruturas sociais, nomeadamente o Centro de Idosos, têm condições que, para os padrões portugueses, se podem classificar como "surrealistas" ou, mais correctamente, o resultado de "um enorme investimento privado destinado a pessoas de rendimentos elevadíssimos". A verdade é que na Suécia este é um equipamento público ao qual todo o cidadão pode ter acesso, independentemente do seu rendimento! Infelizmente os maus exemplos por vezes prevalecem e a população sueca sofre agora o desmantelar de toda a estrutura de apoio social devido às políticas de austeridade impostas pelo governo, à semelhança dos demais países comunitários, com o objectivo de cumprir os ditames da União Económica e Monetária.

Um dos pontos mais emocionantes do programa foi a homenagem aos voluntários suecos que, nos anos 30, integraram as brigadas internacionais em Espanha para combater a ascensão do fascismo. Junto ao monumento "La Mano", e com a presença de três veteranos internacionalistas, evocou-se a coragem e o despojo daqueles que atravessaram um continente para, numa terra que não era a sua, combater e morrer por uma causa. A provar que não foram esquecidos a comoção e o reconhecimento de todos o presentes. Quase 60 anos depois, uma possante mão de granito vermelho ergue-se numa das colinas de Estocolmo para não deixar que nada nem ninguém seja esquecido.