INTERNACIONAL



O «regresso» de Pol Pot


Pol Pot, o líder sanguinário dos «kmer vermelhos» que transformou o Camboja, entre 1975 e 1979, numa imensa vala comum, está desde a semana passada no centro de uma série de notícias contraditórias. Dado inicialmente como morto após ter sido capturado por antigos corregionários, Pol Pot estará afinal preso e «muito doente». Passados 17 anos sobre o derrube do regime dos «kemr vermelhos», que deixou atrás de si mais de dois milhões de mortos, o genocídio do povo cambojano volta a encontrar eco na imprensa internacional.

Em 17 de Abril de 1975, o movimento de Pol Pot, então designado «Exército Nacional do Kampuchea Democrático», entrava em Phnom Penh, após a queda do regime pró-americano de Lon Nol. Durante três anos, oito meses e vinte dias reinou o terror no país: um em cada cinco cambojanos morreram devido à brutal repressão política, à fome, ao esgotamento provocado pelos trabalhos forçados e às doenças.

O pesadelo terminou em Janeiro de 1979, quando as forças democráticas, apoiadas pelo Vietname, tomaram o poder. Mas os «kmer vermelhos» não desapareceram, antes procuraram refúgio nas selvas confinantes com a fronteira da Tailândia, prosseguindo os ataques contra o novo Governo do país.

A alegada prisão e execução de Pol Pot é anunciada em meados do mês pela rádio «kmer vermelha», que o acusa de «traição» ao movimento. De então para cá as notícias contraditórias sucederam-se, sendo ainda incerta qual a verdadeira situação do ditador, hoje com 69 anos. As reacções no entanto não se fizeram esperar. O senador norte-americano Robert Torricelli, membro da Comissão judicial do Senado, defende a ideia de que os Estados Unidos deveriam colocar Pol Pot sob custódia para impedir que fuja ou seja morto. Washington arroga-se o direito de actuar contra Pol Pot porque dois norte-americanos foram executados durante o regime dos «kmer vermelhos».