NACIONAL


Agricultores do Baixo Vouga
no «limite da paciência»


O ministro da Agricultura, de visita à AGROVOUGA no passado sábado, teve a recebê-lo um comité especial: agricultores da região de Aveiro, a que se juntaram delegações de Coimbra, Guarda e outras regiões, apoiados pela CNA, com um autêntico «pacote» de reclamações.

Os protestos dos agricultores prendem-se com os graves problemas que afectam as respectivas regiões e com a ausência de medidas eficazes para os resolver, situação que está a deixá-los no «limite da resistência, do sofrimento e da paciência também», como se pode ler num comunicado divulgado a propósito.

No vasto rol de questões incluem-se os baixos preços do leite na produção, a falta de escoamento da carne bovina, os altos custos dos factores de produção e de crédito agrícola, para além das obras dos grandes regadios que não avançam a contento, enquanto avança a salinização de terrenos agrícolas no Baixo Vouga. Como se tudo isto não bastasse, referem os agricultores, há ainda a juntar ao rol as consequências das desfavoráveis condições atmosféricas (falta de chuva no início do ano, chuva em excesso no princípio do Verão), que levaram a perdas significativas da produção de batata e outras hortícolas, que nalguns casos ascende mesmo aos 100 por cento, e ainda nos milhos, frutas e vinha.

Afirmando-se sem dinheiro para pagar as prestações da Segurança Social, os agricultores estão apreensivos com as anunciadas baixas de preço para esta campanha nos cereais, leite, oleaginosas, arroz, «decretadas» pela Política Agrícola Comum (PAC) e aceites pelo Governo, enquanto prossegue sem controlo a «invasão das importações».

Face a este panorama, os agricultores dizem-se cansados de promessas e exigem medidas eficazes para fazer face à crise em que vivem. Lembram, a propósito, que «se há 70 milhões de contos para dar a "uma mão cheia" de famílias de grandes proprietários absentistas, então também tem que haver muito mais dinheiro para ajudar dezenas de milhar de famílias de pequenos e médios agricultores».

Das exigências consta igualmente o cumprimento de uma promessa de longa data: a entrada da CNA para o Conselho Económico e Social (CES). «Enquanto na «oposição», o actual Primeiro-ministro e o partido do Governo - recordam os agricultores - sempre disseram que a agricultura familiar e a CNA deviam estar representadas no plenário do CES. Porém, agora, quando na Assembleia da República surgiu a proposta que permitiria isso mesmo, o partido do Governo votou contra». Trata-se, concluem, de uma afronta aos agricultores portugueses e à CNA, que não aceitam e contra a qual estão dispostos a bater-se, a todos os níveis.