Semana de «4 dias»
Um perigoso precedente
A intenção divulgada pelo Governo de introduzir a designada
semana de quatro dias na Função Pública, respondendo a um
antigo anseio do patronato de introdução do trabalho a tempo
parcial, representaria, a ir para a frente, um perigoso
precedente, diz o Organismo de Direcção do Sector da Função
Pública da ORL do PCP.
Subjacente a esta medida está o conceito da «partilha do
emprego», cujo objectivo é, obviamente, pagar menos pelo mesmo
número de horas de trabalho. Uma lógica de exploração que
fica demonstrada pela sua recusa do Governo em uniformizar para
cinco dias a semana de trabalho na Função Pública, onde
existem inúmeros serviços que praticam cinco dias e meio.
Tratando-se uma medida que, pelos baixos níveis salariais
praticados, nunca teria o acordo dos trabalhadores - pois
implicaria uma redução de 20 por cento -, a acção de
propaganda agora desencadeada, segundo os comunistas, só pode
produzir efeitos «através de acções de chantagem e de
coerção».
A semana de trabalho de quatro dias está inserida na linha
política de direita do Governo PS, de diminuição das funções
sociais do Estado, de revisão da legislação laboral e de
ataque aos direitos dos trabalhadores, pelo que o PCP apela aos
trabalhadores da Função Pública para que combatam a propaganda
governamental e recusem «ser usados como cobaias para novas
experiências de ataque ao direito ao emprego e ao salário».