PCP


Jorge Sampaio recebe Carlos Carvalhas



O Presidente da República recebeu, na passada terça-feira, uma delegação do PCP composta por Carlos Carvalhas, secretário-geral, Octávio Teixeira, líder da bancada parlamentar comunista, e Domingos Abrantes, membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central.


À saída, Carlos Carvalhas referiu-se ao temas abordados na reunião com Jorge Sampaio.

"... A evolução do País mostra que a grande preocupação do Governo não são as pessoas, mas sim as políticas de Maastricht, a política de concentração e centralização de capitais.

E esta política é a causa do descontentamento e do protesto social. A estabilidade governativa passa pela estabilidade social, pela resolução dos problemas, pela justiça social, pela estabilidade económica e pelo aprofundamento da democracia.

Vejam por exemplo, as 40 horas. O Governo não pode continuar a fazer como Pilatos. O Governo não pode ter um discurso para as grandes confederações patronais acerca das 40 horas e outra para os trabalhadores.

O Primeiro Ministro prometeu as 40 horas e agora com artifícios jurídicos não cumpre o que prometeu.

Os trabalhadores do Vale do Ave já vão na 37ª semana de greve.

A luta pelas 40 horas, pelo não trabalho ao sábado é uma luta justa. É urgente dar uma resposta positiva aos trabalhadores. (...)

Respondendo a uma pergunta sobre a instabilidade governativa e sobre Sousa Franco, Carlos Carvalhas declarou:

"... A comunicação social informou há dias que Sousa Franco substituiria o primeiro Ministro, nesta sua visita à América Latina. Hoje é noticiado que António Vitorino regressa de emergência para substituir António Guterres e presidir ao próximo Conselho de Ministros...

Isto é uma desautorização pública de Sousa Franco.

É uma decisão que vem dizer publicamente que melhor ponderadas as coisas lá no Brasil se chegou à conclusão que Sousa Franco não tem condições políticas para chefiar o Governo interinamente...

Sousa Franco, poderá vir a ser confrontado com uma decisão, a do: «obviamente demito-me!»

A questão da Revisão Constitucional foi também objecto de apreciação de Carlos Carvalhas

".... O país não precisa de nenhuma Revisão Constitucional. Esta é uma vergonha para o PS. Até as palavras "povo" e "trabalhadores" os incomodam.

Quanto às perguntas do PSD para o referendo sobre a Europa, Carlos Carvalhas ironizou afirmando que faltava uma quarta pergunta: «os portugueses estão de acordo em ganhar o salário de Comissário europeu?». E os eleitores certamente dirão que não...».