Mulheres europeias
continuam a ser discriminadas
As mulheres continuam a viver situações de
discriminação e desigualdade na sua vida profissional, social e
familiar, e a ser penalizadas pelo «delito da maternidade» -
alerta o Secretariado Europeu da Federação Democrática de
Mulheres (FDIM), que recentemente organizou em Bruxelas uma
reunião de Organizações Não Governamentais (ONG's) suas
associadas para debater a situação das mulheres no emprego.
A reunião, que contou com a participação de delegações da
Alemanha, Bélgica, Chipre, Espanha, Grécia, França, Portugal e
Roménia, foi presidida pelo Movimento Democrático de Mulheres
(MDD) e pela Union des Femmes Solidaires (UFF).
O debate e a troca de experiências permitiu concluir que, apesar da legislação criada nos últimos anos a favor da igualdade, na prática continuam a subsistir situações de discriminação das mulheres, agravadas com o encerramento de estruturas de apoio, nomeadamente para crianças, e a privatização de empresas públicas. Discriminadas na sua vida profissional, social e familiar, as mulheres são ainda penalizadas pelo «delito da maternidade».
A constatação desta realidade levou as ONG's participantes no encontro a concluir pela necessidade de desenvolverem o apoio directo à luta das mulheres criando formas de solidariedade recíproca, dando a conhecer as acções em desenvolvimento e criando um espaço de liberdade de palavra para as mulheres.
Neste contexto, decidiram dirigir a sua actividade contra as discriminações no trabalho: por uma maior diversificação profissional, pela igualdade no acesso ao emprego e aos postos de responsabilidade, contra as discriminações salariais, pela revalorização das profissões feminizadas, contra a imposição do trabalho a tempo parcial e a tempo determinado.
As ONG's concluiram ainda ser fundamental que as mulheres tenham conhecimento dos seus direitos para melhor lutarem pelo respectivo cumprimento, pelo que se propõem continuar a desenvolver a actividade de esclarecimento que têm vindo a levar a cabo na luta pela igualdade.
Casos
Alemanha (ex-RDA) - O desemprego das mulheres oscila
entre os 20 e os 25 por cento. Esta situação está a provocar
graves desequilíbrios psicológicos nas mulheres que sempre
trabalharam e se vêem agora no desemprego e sem perspectivas de
futuro. Quanto aos jovens, cerca de 500.000 dos que anualmente
terminam a escolaridade não conseguem arranjar emprego, o que
leva ao aumento da delinquência e das tensões sociais.
O Governo lançou recentemente um plano para a criação de
800.000 postos de trabalho para... empregadas domésticas.
Bélgica - A privatização das empresas
públicas agrava as discriminações. Na Bélgica, o subsídio de
desemprego das mulheres depende da situação do «chefe de
família», neste caso o homem.
Suécia - O país regista actualmente uma
taxa de desemprego da ordem dos 12,7 por cento, contra apenas
três por cento ainda há seis anos. Ao contrário do que sucedia
no passado, a maioria dos desempregados são mulheres. De
registar o facto de existir um Provedor de Justiça que fiscaliza
os planos dasempresas para a igualdade e que actua quando os
sindicatos não respondem às queixas das suas associadas.
Roménia - Entre 60 a 70 por cento das
mulheres estão no desemprego, sem perspectivas de reciclagem.
Actualmente, as mulheres, qualquer que seja a sua formação
académica, suprem as suas necessidades como vendedoras em lojas
ou na rua.