INTERNACIONAL


Agenda 2000

PCP quer orçamento comunitário mais forte



O futuro da Europa foi discutido no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na semana passada. A «Agenda 2000» apresentou como prioridades o alargamento da União Europeia, a realização de uma cimeira sobre o emprego e a criação de um espaço de liberdade e de segurança na comunidade.


Em declarações ao Avante!, o eurodeputado do PCP Joaquim Miranda afirmou que a Agenda 2000 «é insatisfatória para o nosso país como ponto de partida». Isto porque «define meios que são claramente insuficientes para responder às medidas concretas que se avizinham».

O Grupo Confederal Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica, onde se integra o PCP, não tem objecções especiais e de princípio ao alargamento da União. Mas, para Joaquim Miranda é claro que este processo vai beneficiar os países mais ricos, como a Holanda, a Alemanha e a Dinamarca.

«O alargamento tem grandes implicações económicas», afirmou o eurodeputado. Aliás, «não é por acaso que os países escolhidos para integrarem a comunidade (Hungria, Polónia e República Checa) estão historicamente muito ligados à Alemanha». Há que sublinhar que os benefícios económicos nunca são contabilizados: «Fala-se exclusivamente das questões de natureza financeira e de quem paga ou quem não paga esta adesão em termos financeiros».

«Os países beneficiados economicamente dizem "nós somos os que pagamos para o orçamento comunitário e não podemos pagar mais". Mas o que pagam é muito inferior ao que recebem ao nível económico», explica o comunista. «A solução encontrada é manter este nível de orçamento e com este mesmo bolo, fazer as fatias do bolo mais pequenas». Por isso, os comunistas defendem um orçamento comunitário mais forte.

E Joaquim Miranda acrescenta: «Eles próprios ganham connosco também, porque se nós recebemos mais do orçamento comunitário do que aquilo que pagamos para ele, eles têm disso grandes contrapartidas económicas que não são contabilizadas». O eurodeputado comunista Honório Novo exemplifica: «Em cada 100 ecus que entram em Portugal através dos fundos estruturais, cerca de 50 regressam aos países contribuintes em encomendas de equipamentos e de serviços necessários para promover as obras necessárias para a aplicação daquela quantia. Isto significa que reanimam, activam e beneficiam directamente a economia dos países contribuintes.»

Honório Novo acrescentou ainda que este plano «aponta para a diminuição drástica dos fundos de coesão e para a diminuição ainda não quantificada dos fundos estruturais».