Futuro - tema actual
Na Expo anunciaram estar concluída a montagem das estruturas do Pavilhão da Utopia. Cascais promoveu mais uma edição das jornadas mundano-filosóficas sobre a utopia. Na Califórnia discutiu-se em simpósio internacional o futuro da ciência. Em Évora, com o alto patrocínio do Ministério da Ciência, discutiu-se o futuro da sociedade de informação.
Em tempos de presente cinzento, discutir o futuro está em moda.
Nas TVs, via CNN, são difundidas imagens da superfície de Marte recolhidas pelo Robô Sejourner. Depois de Doly, é apresentada a ovelha Poly com um gene humano incluído no seu código genético. O relatório da ONU sobre desenvolvimento confirma com alarme o agravamento das desigualdades económicas e sociais no mundo.
Pensar, debater o futuro revela-se questão urgente.
Pensar e imaginar o futuro é uma
característica específica do ser humano.
Herdámos um planeta que fomos transformando, mas para o qual não pensamos só à dimensão do breve tempo que nos é possível viver. O Homem retém o passado e projecta-se no futuro. E de geração em geração foi engendrando maravilhas de imaginação que avançam no tempo. Costumamos chamar a isso «mudanças», ou mesmo, quando são muito profundas, «revoluções».
É essa qualidade da mente humana, dos seres humanos no seu conjunto, que nos obriga a inventar o futuro.
Mas não se inventa o futuro somente
a pensá-lo ou imaginá-lo, para que seja condizente com o que de
mais profundamente belo quedou na humanidade. A nossa tarefa
comum é mais difícil e por certo por às vezes mais dolorosa:
fazer com imaginação, mas também com a nossa acção, uma
estrada aberta para outras gerações. E isso significa achar,
conseguir e enquadrar meios e métodos para abrir caminho, vias,
esteios, para uma outra era que se nos antepõe.
É um destino digno de ser humano o que temos de construir, de criar, com actos concretos. Não fugindo ao passado nem evitando o futuro. Entendendo as mudanças e a necessidade de mudanças. Mudando em qualidade e velocidade. Procurando nos nossos próprios olhos um horizonte que não se afaste dos nossos objectivos humanos.
E não vamos decerto apostar na
«morte da história».. Por muitas histórias que nos queiram
contar. A História não acabará enquanto a humanidade
permanecer. Não morreremos unicamente porque nos querem matar.
Porque os homens e as suas lutas são a História.
Aurélio Santos