INTERNACIONAL


Diferendo germano-italiano
com euro em pano de fundo



A acalmia política estival remeteu para segundo plano as controvérsias em torno da viabilidade da moeda única e do cumprimento dos prazos para a sua entrada em vigor. É a paz que antecede a tempestade.


Na Alemanha, onde a campanha eleitoral para as eleições de 1998 já começou, a crise económica está no centro das atenções. E não poupa ninguém, nem sequer os parceiros comunitários. A Itália, com a fragilidade da lira, serve de bombo da festa dos políticos alemães, o que está a deixar o primeiro-ministro italiano à beira de um ataque de nervos.
Romano Prodi, está «muito preocupado» com as relações germano-italianas, segundo afirmou em recente entrevista ao diário ‘Die Welt’. Em causa está o facto da eventual entrada (ou não) da lira na moeda única ser cada vez mais utilizada no jogo eleitoral da Alemanha, o que para Prodi constitui «um erro grave e perigoso». Referindo-se às dúvidas expressas na Alemanha sobre a política de estabilidade económica italiana, Prodi propôs, «para que tais dúvidas não se transformem em preconceitos, que o presidente do Bundesbank, Hans Tietmeyer, venha a ser o responsável do Banco Central europeu». A Itália «apoiará claramente» esta candidatura, assegurou.
Para Prodi, o que poderá comprometer o processo da união europeia é «a confusão», pelo que espera que a Alemanha demonstre uma vez mais «a sua força económica». «A Alemanha, paralisada como está hoje, não me agrada. Tenho medo de uma Alemanha que tem medo», disse o primeiro-ministro italiano, a quem desagrada o facto de «uma grande parte da opinião pública alemã» pensar que «a criação do euro com a Itália enfraquecerá o marco».

Entretanto, numa entrevista ao semanário ‘Der Spiegel’, o ministro das Finanças alemão, Theo Waigel, afirmou que a reunificação da Alemanha pôs em causa a lendária prosperidade alemã, pelo que o país não se pode dar ao luxo de pagar a parte de leão do orçamento anual da União Europeia.
Theo Waigel, recordando que a Alemanha desembolsa anualmente 20 mil milhões de marcos para a UE, anunciou que Bona se prepara para propor que a sua contribuição anual seja reduzida para 7 mil milhões de marcos. «A Alemanha, depois da reunificação, não pode continuar a ser considerada como um país tão próspero como anteriormente. Nós contribuimos com 0,6 por cento do nosso produto nacional bruto (PNB). O limite devia ser reduzido para 0,4 por cento», afirmou.