INTERNACIONAL


Israel aposta na violência



O Líbano voltou a ser alvo dos bombardeamentos israelitas. Na segunda-feira, sete civis libaneses morreram (entre os quais duas crianças) e 38 ficaram feridos na sequência dos ataques a Saida, a principal cidade do sul do país.


Pela primeira vez em vários anos, o exército libanês respondeu aos bombardeamentos. Habitualmente, os libaneses apenas descarregam as baterias anti-aéreas contra os aviões e helicópetros israelitas.

Os projecteis judeus cairam deliberadamente no centro da cidade, atingindo a sede local do Banco Central do Líbano, uma zona industrial, um bairro residencial e um bairro comercial.

Mais uma vez as autoridades israelitas apostam no recrudescimento da violência. Por um lado, atacam o Líbano, argumentando com a segurança que não permitem que os povos vizinhos tenham. Por outro, provocam os palestinianos, humilhando-os, ignorando os acordos assinados em Oslo e Washington, impedindo-os de trabalharem e de circularem.

As vítimas são, inevitavelmente, civis. Se os corpos dos sete mortos de Saida são verdadeiros, não menos reais são os problemas com que os palestinianos têm de lidar diariamente desde a imposição do primeiro bloqueio.

Com as suas medidas repressivas - que ultrapassam todos os argumentos relacionados com a segurança necessária em todas as nações - , o executivo de Benjamin Netanyahu alimenta os extremistas palestinianos e as suas acções suicidas. As consequências são sofridas pelos milhões de palestinianos que acreditam na paz e que já há muito tempo por ela esperam.

Yasser Arafat, líder da Autoridade Palestiniana, passou à ofensiva no sábado passado, apelando à unidade nacional e ao boicote dos produtos israelitas. Lembrou ainda o líder hebraico da possibilidade do regresso à Intifada. «Netanyahu deve saber quem é o povo palestiniano e a quem se dirige. Quantos aos israelitas, eles devem-se lembrar dos longos anos de combate da Intifada» entre 1987 e 1993.

Qualificando o bloqueio económico imposto aos territórios palestinianos como uma «declaração de guerra» destinada à humilhação palestiniana, Arafat anunciou a realização de um «forum nacional» para debater a crise do processo de paz, para o qual são também convidados os opositores dos acordos de Oslo.

Entretanto, num comunicado publicado na semana passada, a Autoridade Palestiniana confirmou o prosseguimento da cooperação com Israel em matéria de segurança. Contudo, os isrealitas continuam insatisfeitos. O porta-voz de Netanyahu, David Bar-Illan, afirmou que «a cooperação em matéria de criminalidade não pode erradicar o terror».