INTERNACIONAL


Madrid persegue independentistas bascos



Depois do assassinato de Miguel Angel Blanco, conselheiro municipal de Ermua, o governo de Jose Maria Aznar iniciou uma campanha junto à opinião pública espanhola e internacional contra os independentistas bascos. Não apenas a ETA é visada, mas também o Herri Batasuna (partido político legal partidário da autonomia do País Basco e eleito em diversas autarquias) e todos os anónimos que defendem a independência.


Aproveitando a onda de choque provocada pela morte do autarca do PP, o executivo espanhol põe de lado qualquer diálogo sobre a questão basca. Nas palavras do vice-primeiro ministro do Governo a possibilidade de conversações com a ETA está «para já, totalmente excluida». Francisco Alvarez Cascos sublinhou que quem acreditar nessa hipótese «é de uma ingenuidade colossal».

Madrid não se contenta em fechar as portas ao diálogo. Vai mais longe e exige a extradição de todos os militantes da ETA exilados no estrangeiro. «O Governo quer que sejam expulsos todos os membros da ETA existentes em todo o mundo», afirmou Cascos na semana passada.

No passado dia 9, a República Dominicana expulsou três dirigentes históricos daquela organização independentista, residentes no país desde 1989: Eugenio Etxebeste «Axton», Ignacio Arakma Mendis «Makario» e Jose Maria Gantxegi «Peio». Chegados a Espanha foram detidos preventivamente.

A extradição de Belen Gonzalez Penalva e Angel Iturbe Abasolo, presumíveis membros da ETA, foi também requerida às autoridades dominicanas.

Cerca de 300 militantes da organização residem na América Latina, nomeadamente na Venezuela, Panamá, Cuba, México, Uruguai e República Dominicana.

Desde a morte de Miguel Angel Blanco os protestos contra os métodos da ETA e as manifestações pelo reconhecimento do País Basco multiplicaram-se. A cobertura jornalística dada a cada uma delas pela imprensa, rádio e televisão não foi uniforme: enquanto as iniciativas de pesar pelo assassinato ocuparam páginas de jornais e larguíssimos espaços de telejornais, as manifestações organizadas pelo Herri Batasuna foram praticamente ignoradas.

No entanto, os defensores da independência basca ainda não desistiram. No sábado realizou-se mais uma manifestação em São Sebastian, no norte da Espanha. Mais de mil pessoas desrespeitaram a proibição policial e desfilaram nas ruas da capital do País Basco numa «jornada de apoio aos prisioneiros e refugiados políticos».

O Herri Batasuna acusa Madrid de «guerra suja», num comunicado divulgado na semana passada. «Servindo-se da comoção provocada pela morte de Miguel Angel Blanco pela ETA, o governo iniciou uma verdadeira caça às bruxas contra o independentismo basco e pede abertamente a prisão de todos os dirigentes do Herri Batasuna, persegue as sedes e locais sociais dos independentistas bascos, e pressiona juizes e políticos para alterar as leis e endurecer as penas, propondo anos de prisão para jovens manifestantes e total impunidade para acções policiais e parapoliciais.»

Os independentistas fazem «um apelo ao diálogo, a abrir saídas políticas e não fechá-las, a não cair na estratégia de bloqueio do PP espanhol e do seu governo», que acusam de promover acções de extradição que violam o direito de asilo e aumentar o envolvimento internacional nas medidas repressivas.

O Herri Batasuna defende o fim do actual conflito «com base em soluções democráticas, baseadas no reconhecimento do País Basco, Euskal Herria, e do seu direito à livre determinação».