Sobrecarga, precariedade e descontentamento

Sindicato explica atrasos nos CTT



Em vários serviços onde o trabalho suplementar não é registado nem remunerado, os funcionários recusam-se a cumprir mais do que as oito horas diárias, o que constitui uma manifestação do «enorme descontentamento» que grassa nos CTT - revela o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, que convocou para hoje à tarde uma concentração nacional de dirigentes, delegados e activistas, em Lisboa, na Praça dos Restauradores.


Reagindo a notícias recentemente vindas a lume, que davam nota de grandes atrasos na distribuição da correspondência («Público» de 21 de Agosto) e outras deficiências de funcionamento dos CTT (revista «ProTeste», de Setembro), o sindicato denuncia vários problemas que contribuem para a degradação das condições de trabalho, com inevitáveis reflexos na qualidade do serviço.

Os atrasos - 320 mil correspondências, segundo o «Público», e 12 por cento no primeiro semestre deste ano, segundo a própria administração da empresa - são provocados pela redução do número de trabalhadores e pelo aumento dos contratados a termo sem formação.

Segundo um comunicado do SNTCT, a «grande sobrecarga de serviço» provoca «um enorme descontentamento», agravado pelo facto de «haver situações em que os trabalhadores fazem trabalho suplementar que não é registado nem é pago». Este clima «está em vias de se agudizar, depois da administração ter abandonado as negociações do Acordo de Empresa» e «ter imposto uma tabela salarial por acto de gestão, ao mesmo tempo que congela as diuturnidades».

Somam-se a este quadro decisões da nova direcção das Obras Sociais dos CTT, «que reduzem os direitos e regalias dos trabalhadores e suas famílias, quando pela primeira vez estes passaram a pagar uma quota para a Saúde».

O sindicato afirma que «os trabalhadores dos CTT consideram motivo de grande orgulho a boa imagem que a empresa tem junto do público e estão dispostos a endurecer a luta, porque critérios puramente economicistas estão a degradar a qualidade do serviço».


Bastidores

No comentário divulgado a propósito do estudo da «ProTeste», o sindicato revela algumas situações que se verificam nos «bastidores» das estações dos correios:

Com este dia-a-dia, os trabalhadores do atendimento «ainda conseguem ser simpáticos, interessados e terem boa vontade, como refere a Deco/ProTeste», comenta o SNTCT.