EDITORIAL
O que é preciso fazer
Esta semana, a CDU começa a
colocar os seus novos cartazes para as eleições autárquicas de
Dezembro. Distinguem-se dos anteriores subordinados a lema «CDU
é obra», não só pela inovação da linha gráfica, mas
especialmente pela palavra de ordem: «CDU - Para fazer o que é
preciso».
Nos princípios de Setembro, já tinham sido apresentadas os
novos temas musicais da CDU, «Marcha Municipal» e «Malhão
Novo», ambos de autoria de Vitorino e ambos interpretadas por
Luísa Bastos, o segundo também com interpretação do autor.
Não se trata de substituir a Carvalhesa, que continuará como
principal referência musical da Coligação Democrática
Unitária. O objectivo foi, segundo os seus dirigentes,
enriquecer, dinamizar e alegrar a campanha da CDU com novos
referenciais musicais de boa cepa popular.
Entretanto prosseguiu a Campanha de Fundos de apoio à Campanha
Eleitoral da CDU, que segundo os números divulgados durante o
comício da Festa do «Avante!» já tinha ultrapassado, na
altura, os 125 mil contos.
Projecta-se um grande comício em Lisboa, para finais de Outubro,
têm data marcada numerosas iniciativas de apresentação de
candidatos e de informação e esclarecimento das populações.
Todos estes factos mostram que as forças integrantes da
Coligação Democrática Unitária, o PCP e os seus aliados - o
PEV, a ID e os independentes - preparam com grande atenção as
traves mestras estruturantes da pré-campanha e da a campanha.
Estamos, no entanto, no momento crucial de accionar os motores
para o arranque.
É então fundamental definir o que é preciso fazer desde já
para o êxito da campanha e para que, amanhã, depois das
eleições, possa a CDU fazer o que é preciso, como só ela
sabe, com trabalho, honestidade e competência, em benefício das
populações e do país.
A visita que Carlos Carvalhas efectuou no passado
domingo, dia 14, à freguesia de Avões e aos concelhos de
Tarouca e Armamar, no distrito de Viseu, constitui uma clara
manifestação da atenção que o PCP e os seus aliados dedicam
aos problemas do interior país e a importância que atribuem à
intervenção da CDU e ao reforço das suas posições nos
concelhos e freguesias aí situados.
O Secretário Geral do PCP desmascarou com abundantes exemplos as
promessas eleitorais não cumpridas pelo PS e apelou às
populações para que «deixem os preconceitos de lado e olhem
para as questões concretas, para aqueles que resolvem os
problemas com as populações, que cumprem o que prometem e que
se podem reivindicar dos atributos do trabalho, honestidade e
competência».
A CDU tem naturalmente as suas prioridades eleitorais, mas
para a Coligação Democrática Unitária todos os concelhos e
freguesias do país são importantes e a todos deseja dar o
contributo da sua experiência de gestão e do seu projecto
humanista apontado ao futuro.
Arranca daqui a decisão da apresentação de listas da CDU
em todos os concelhos do país, com excepção de Lisboa onde as
forças que a integram participam na coligação «Mais Lisboa»,
e no maior número possível de freguesias.
Sabe-se que são grandes os avanços já registados pela
Coligação Democrática Unitária no cumprimento desta decisão,
mas entrou-se agora no período decisivo para o maior ou menor
êxito do objectivo, uma vez que as listas têm que ser
legalmente apresentadas entre 25 de Setembro e 20 de Outubro.
A elaboração, conclusão e apresentação oficial e pública
das listas da CDU concorrentes aos órgãos municipais e de
freguesia é assim a mais urgentes de todas as tarefas.
Quanto mais esta tarefa for realizada com amplo espírito
unitário, envolvimento de novas pessoas, novas simpatias e
partilhada com as populações, tanto mais adiantada ficará a
campanha eleitoral, mais facilitada a elaboração e divulgação
dos programas, que é a outra exigência política que se
apresenta logo a seguir, e mais reforçada a capacidade de
mobilização para todos os trabalhos de contacto, esclarecimento
e apelo ao voto que a campanha eleitoral compreende.
A franqueza na prestação de contas, a valorização da obra
realizada nas situações de maioria e do trabalho desenvolvido
nas situações de minoria, a par da concretização para cada
autarquia das linhas de força da CDU para o próximo mandato
são ideias políticas essenciais que têm que estar presentes em
todas a tarefas práticas que o trabalho eleitoral exige.
A actividade preparatória da campanha eleitoral
é inseparável, para os comunistas e os seus aliados, como tanta
vezes têm sublinhado, da tomada de posição sobre todos os
grandes problemas que afectam o país e das lutas dos
trabalhadores e de todo o povo.
Nas circunstância presentes, a pré-campanha eleitoral
autárquica da CDU não pode deixar de ser activamente solidária
com a luta pelas 40 horas dos trabalhadores têxteis,
nomeadamente do Vale do Ave, que realizam no próximo sábado, em
Guimarães, uma vigília de protesto, ao completarem 34 semanas
de luta ininterrupta.
A solidariedade entre a campanha autárquica da CDU e a luta dos
trabalhadores vai com certeza exprimir-se também com as novas
acções que se preparam nos meios sindicais contra as
restrições ao aumento de salários que o Governo pretende impor
à função pública e depois, conjuntamente com o grande
patronato, fazer valer na contratação colectiva.
A Comissão Política do PCP, em conferência de imprensa
conduzida por Luísa Araújo, na passada terça-feira, tomou
posição sobre três questões da maior importância para os
portugueses: as tarifas telefónicas que «significam afinal
novos agravamentos das contas telefónicas da maioria da
população»; as posições de membros do Governo sobre a
política de rendimentos e preços, responsabilizando o Governo
por agravar «a injustiça social na distribuição de
rendimento»; as ameaças que pesam no acesso de Portugal ao
Fundo de Coesão, acusando o primeiro-ministro de se mostrar «um
incondicional da moeda única», sem ter curar da defesa dos
interesses nacionais.
É, pois, preciso que a luta se desenvolva em torno destas e
de todas grandes questões laborais e sociais e ainda de
importantes questões institucionais, como a regionalização e
os planos de revisão antidemocrática da legislação eleitoral.
Tudo isto, a par, é claro, da intensificação da pré-campanha
e da campanha autárquica da CDU.