Comunistas italianos exigem mais emprego



O Partido de Refundação Comunista anunciou que não votará o Orçamento de Estado para 1998 apresentado pelo Governo italiano se não for alterada a reforma financeira de Prodi assente em severas medidas de austeridade.


Perante a proposta de negociações sobre algumas partes do seu conteúdo, Fausto Bertinotti, o líder comunista, declarou que «não podemos de maneira nenhuma ultrapassar este orçamento. Ele está errado e deve ser posto de lado. Deveriam antes começar negociações sobre as questões que nós colocámos».

«Só indicações não chegam. Elas devem ser tidas em consideração quando houver uma aceitação real para que se alterem as políticas económicas deste Governo», acrescentou.

Tendo em vista a entrada na moeda única na primeira fase, o Executivo liderado por Romano Prodi pretende fazer cortes de cinco mil milhões de liras na previdência social e no sistema de reformas e pensões. Por outro lado, a criação de mais postos de trabalho é posta de lado.

A Refundação Comunista exige que os orçamentos para a previdência social, a assistência sanitária e as pensões não sejam diminuidos, e que os direitos dos trabalhadores e as regras para reformas por limite de idade não sejam alterados.

Os comunistas propõem também a redução do horário de trabalho para 35 horas semanais. Outra das medidas reivindicadas passa pela proibição da entrada de sociedades estrangeiras na privatização da Telecom e a manutenção da companhia da electricidade como empresa pública. O Instituto para a Reestruturação Indústrial deve passar a desenvolver novos empregos no sul do país, a zona tradicionalmente mais pobre de Itália.

O Governo precisa dos votos da Refundação Comunista para fazer passar o orçamento na Câmara dos Deputados, apesar de ter maioria absoluta do Senado. O debate termina hoje na Câmara dos Deputados.


«Avante!» Nº 1245 de 9 de Outubro de 1997