Alentejo
Uma
região não se mede
apenas pela sua área
O Organismo Inter-Regional do Alentejo do PCP
congratula-se, em comunicado, com a aprovação pela Assembleia
da República da Lei da Criação das Regiões Administrativas,
que consagra o Alentejo como uma única região, tal como
maioritariamente foi expresso pelas diversas organizações
políticas, económicas, sociais e culturais da região. E como
apontavam os vários estudos que, desde 1976, foram feitos em
torno desta problemática.
Segundo o PCP, «uma região não se mede apenas pela sua
dimensão territorial» e o Alentejo «é uma região
desertificada e envelhecida, que tem pouco mais de 5% da
população do País e que no plano económico representa
igualmente pouco mais de 5% do Produto Interno Bruto». Dividir,
pois, o que «junto já tão pouco representa», seria, na
opinião dos comunistas, «condenar o Alentejo e os alentejanos
ao atraso e ao subdesenvolvimento».
O ORA do PCP rejeita depois a ideia que o
PS tenta agora «vender», de que foi obrigado a «ceder à
chantagem do PCP». E, lembrando a proposta que em 15 de Março
de 1996 fez às várias estruturas do PS, no sentido de em
conjunto avaliarem as propostas em discussão e a forma de
envolver no processo o máximo de instituições e agentes, diz
ter esta merecido da parte dos socialistas a resposta de que «na
altura própria se desenvolverão os debates também próprios».
«Altura própria» que nunca chegou, já que o PS sabia que a
sua proposta não tinha viabilidade nem aceitação.
A verdade é que das 47 Assembleias Municipais que o Alentejo
tem, só três (Almodôvar, Ferreira do Alentejo e Moura) se
pronunciaram pela divisão do Alentejo. Ora como a CDU tem
maioria em 25...
Aliás, lembram ainda os comunistas, nem sempre foi esta a
opinião do PS, cujos primeiros projectos defendiam apenas uma
região para o Alentejo. Como também não foi a do PSD que, a 23
de Maio de 1994, afirmava querer uma única região no Alentejo,
«ciente da sua unidade e homogeneidade». Perguntava então o
PSD: «Como é possível fingir não perceber que sem uma
economia auto-sustentada nenhuma região sobrevive, e que essa
auto-sustentação de base económica regional exige
racionalidade e uma dimensão que, à escala europeia, não é
compatível sem um número de habitantes inferior a um mínimo de
250.000!»?
Por tudo isto conclui o ORA do PCP que, se
PS e PSD defendessem, de facto, duas regiões - no Baixo e no
Alto Alentejo - nunca teriam mantido, ao longo destes últimos 17
anos uma só Comissão de Coordenação da Região Alentejo nem
teriam levado para Évora os serviços que, como o PCP sempre
defendeu e defende, nunca de Beja e de Portalegra deviam ter
saído.
Por outro lado, se fosse a ambição que movesse as propostas do
PCP, então o PCP defenderia não uma mas quatro regiões (Beja,
Évora, Portalegre e Litoral), três das quais ganharia com
grande probabilidade.
Lamentável é, diz o PCP, que o PS, «com as suas cedências aos
adversários da regionalização», tenha comprometido a
possibilidade de realizar eleições para as regiões
Administrativas em Dezembro, em simultâneo com as eleições
para as autarquias.