Preocupação
na Expo '98



O risco de aumento dos acidentes
, agravado pela intensificação dos ritmos de trabalho e pelo aproximar do final dos prazos de execução das obras, preocupa a União dos Sindicatos de Lisboa.

Num comunicado aos trabalhadores que erguem a exposição mundial (com abertura prevista para 22 de Maio), o grupo sindical da USL/CGTP que acompanha as condições sociais e laborais na Expo recorda que, desde o início das obras, já morreram 6 trabalhadores e «centenas de outros sofreram incapacidades graves».
Os sindicatos chamam a atenção dos trabalhadores para o facto de o regime de cedência de mão-de-obra ou de trabalho para empreiteiros (estimado em cerca de 80 por cento das 8 mil pessoas que trabalham na Expo) não libertar as entidades patronais do cumprimento da lei e dos contratos colectivos, designadamente quanto aos horários de trabalho e remuneração das horas extra.


Privatização contestada

Dezenas de representantes dos trabalhadores da Portugal Telecom concentraram-se, na passada quinta-feira, frente à Bolsa de Lisboa, protestando contra a terceira fase da privatização da empresa. A Operação Pública de Venda, que ali decorria, alargou a 75 por cento a fatia do capital detido por privados.

A redução do capital público a 25 por cento foi contestada pela Comissão de Trabalhadores e por estruturas sindicais de diferentes orientações, que num documento conjunto consideram que «a privatização da PT somente serve os interesses políticos e económicos dos grandes grupos nacionais e internacionais» e acarreta graves prejuízos para o clima laboral, os interesses do País e dos consumidores.


Despedir
para intimidar

A tentativa da Fimper de despedir um dirigente sindical foi classificada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa como «um despedimento forjado e selectivo, que assume o carácter de retaliação e visa intimidar os trabalhadores da empresa e atingir a sua organização». A atitude da empresa do Grupo Previdente contra João Mouro é apontada, num comunicado do sindicato, como «mais um exemplo dos processos de gestão que definham as empresas e fazem recair as consequências sobre os trabalhadores», reflexo de «uma mentalidade velha, que julgávamos ultrapassada».
Eloquente testemunho do repúdio dos trabalhadores contra o comportamento da Fimper e de solidariedade para com João Mouro foi o plenário realizado dia 9, que culminou na rua, com uma acção de informação à população. Numa reunião realizada segunda-feira, com o sindicato, a administração comprometeu-se a dar, no prazo de 48 horas, uma resposta à exigência fundamentada de reintegração do dirigente.
A direcção regional de Lisboa do PCP condenou publicamente o despedimento, solidarizou-se com João Mouro e apelou à unidade e disposição dos trabalhadores «para a luta em defesa dos seus postos de trabalho e contra a política anti-social do Governo PS, onde predomina a protecção aos interesses do grande patronato.


«Avante!» Nº 1246 - 16.Outubro.1997