Combate às minas
recebe Nobel da Paz



A Campanha Internacional para a Interdição das Minas e a sua coordenadora, Jody Williams, são as laureadas com o Nobel da Paz de 1997. Mais uma vez o prémio chama a atenção do mundo para um dos mais graves problemas com que as populações mundiais lidam diariamente.


O número das minas anti-pessoais enterradas no solo é estimado em cerca de 110 milhões e mais outros 100 milhões estão armazenadas em todo o mundo. Os países mais afectados são Angola, o Afeganistão, o Cambodja, o Iraque e o Laos, mas este tipo de armas também representa um sério problema na Bósnia, Croácia, Moçambique, Geórgia, Nicarágua, Somália, Sri Lanka, Sudão e Myanmar.

Diariamente, mais de 70 pessoas morrem ou são feridas por minas anti-pessoais, o que prefaz uma pessoa em cada 15 minutos. No total, mais de um milhão de pessoas foram vitimadas, das quais mais de 300 mil crianças.

Metade das pessoas que pisam uma mina morre devido aos ferimentos antes de serem encontradas ou de serem levadas para o hospital.

Mesmo depois do fim das hostilidades, qualquer pessoa corre o risco de pisar uma mina nas áreas minadas: agricultores, crianças, trabalhadores nas suas vidas quotidianas. Na sua esmagadora maioria, as minas não estão assinaladas.

Mas, este tipo de armamento não se limita a matar e a ferir, também provoca sequelas a longo prazo nas comunidades. As perspectivas de emprego para as vítimas são muito reduzidas e frequentemente toda a família é afectada. O acesso à terra utilizável para fins agrícolas diminui assustadoramente. Por exemplo, cerca de 35 por cento do solo do Afeganistão e do Cambodja não podem ser usados.

No dia 18 de Setembro, centenas de países adoptaram um documento para a interdição das armas anti-pessoais. Os Estados Unidos, um dos principais fabricantes de minas, recusou-se a assiná-lo invocando razões de segurança. A Rússia, a China, a Índia, o Iraque e a Coreia do Sul rejeitaram o acordo.


«Avante!» Nº 1246 - 16.Outubro.1997