CUBA
Partido
e povo unidos
O Partido Comunista de Cuba realizou o seu V
Congresso. Acontecimento maior para a vida do povo cubano e para
o prosseguimento da Revolução, as suas orientações e
decisões são o resultado dum amplo e participado debate. Seis
milhões de cubanos, em 230 mil reuniões, discutiram o documento
"O Partido da unidade, da democracia e dos direitos humanos
que defendemos", e puderam apoiar ou criticar, manifestar
desacordos, introduzir mudanças, fazer sugestões. Este é o
conteúdo da democracia participativa em Cuba, explicação e
razão para a capacidade de resistência do seu povo na nova
situação decorrente das derrotas do socialismo e da crescente
ofensiva do imperialismo norte-americano.
Neste "período especial", porventura o mais difícil do processo revolucionário cubano, foram adoptadas medidas que, não se enquadrando no desenvolvimento socialista, se revelaram indispensáveis para responder aos mais prementes problemas da população. A resistência quotidiana dos trabalhadores e do povo perante a escassez de géneros, privações de toda a ordem, desastres naturais foi forjada através da real e efectiva participação das massas na discussão e análise da situação. A renovação de métodos de trabalho do partido, reforçando a ligação dos dirigentes às massas e a introdução de novas formas de controlo do Estado para garantir uma maior eficiência na produção e nos serviços, cimentaram a unidade povo/partido/Estado, garante da defesa das principais conquistas da revolução. Por isso, o Congresso ao fazer o balanço deste período enalteceu a heroicidade do povo e afirmou que os comunistas cubanos "estão abertos a todas as possibilidades económicas, menos renunciar ao socialismo".
A
reafirmação da opção socialista de Cuba evidencia a
extraordinária confiança na capacidade criadora das massas e na
determinação dos povos em definir o seu próprio caminho. Por
isso Fidel afirmou que "o povo é aquele que sempre
surpreende a todos". Com efeito, o povo cubano,
ultrapassando o desalento de muitos e a rendição de alguns, deu
provas de grande dignidade e patriotismo, permitindo que o seu
pequeno país fizesse frente à grande potência que são os EUA.
A pretensão de envolver todo o mundo, através da lei
Helms-Burton, no reforço do bloqueio, as ingerências de todo o
tipo, a subversão ideológica e o apoio às mafias de cubanos
radicados em Miami, o recurso a armas biológicas e atentados, a
tudo têm recorrido os EUA para fazer vergar Cuba.
O confronto vai ainda continuar. Por isso o Congresso, ao
realçar o espírito revolucionário do povo cubano, não deixou
de lembrar a que conduziu, em tão curto espaço de tempo, a
renúncia ao socialismo noutros países.
O debate de ideias e valores esteve sempre presente neste processo. O PCC consolidou o seu papel de força insubstituível e de vanguarda. Por isso cresceu, cerca de 1/3, durante o "período especial". Face à contestação das "democracias ocidentais", o PCC responde que não se constituiu à parte da sociedade, e que a experiência cubana e a actual fase da revolução exigem a unidade de todo o povo em torno do partido, como expressão política dos interesses da nação cubana.
Congresso
de balanço das medidas adoptadas, das dificuldades,
insuficiências e erros, mas sobretudo Congresso de afirmação
de ideais e objectivos, de renovação de quadros e, também, de
valorização da História e dos seus heróis revolucionários,
como Che Guevara, que o Congresso homenageou.
Em Portugal, a recente visita de Aleida Guevara, filha mais velha
de Che, com a sua intervenção sincera, serena e firme deu um
valioso contributo para a compreensão da revolução cubana e a
actualidade. Constituiu um incentivo ao necessário reforço da
solidariedade do nosso povo a Cuba. Manuela
Bernardino