Reuniu o Comité Central
Luta de massas é decisiva


Na sua reunião de 31 de Outubro, o Comité Central do PCP examinou os traços fundamentais da actualidade política, considerou a situação no domínio social e o desenvolvimento das diversas frentes de intervenção e de luta e prestou detida atenção às eleições autárquicas de 14 de Dezembro e à actividade da CDU, e a outras tarefas do Partido no futuro imediato, conforme consta do Comunicado nesse mesmo dia divulgado.

À tarde, o Secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, numa conferência de imprensa em que também participaram José Decq Mota, membro do Comité Central e coordenador do PCP/Açores, e Conceição Morais, do Comité Central, enunciou as principais conclusões da reunião, particularmente no que se refere à acção dos comunistas com vista ao próximo acto eleitoral.

Depois de considerar a necessidade de assegurar «uma forte e dinâmica campanha eleitoral» que reafirme a CDU, cada vez mais, como um espaço de intervenção democrática, «aberto à contribuição de milhares de cidadãos disponíveis para o trabalho em prol das populações», Carlos Carvalhas referiu o êxito alcançado pela coligação na elaboração e apresentação das listas.E, designadamente ao nível da participação das mulheres, chamou a atenção para as 37 mulheres cabeça de lista da CDU em 16 distritos e nas duas Regiões autónomas, comparando este número com as 10 apresentadas pelo PS em 7 distritos e as 19 do PSD em 11 distritos.
Por outro lado, o Comité Central considerou «intolerável o uso e abuso do aparelho de Estado para os fins eleitorais do partido do Governo», propondo-se continuar a denunciar a actuação dos governadores civis, CCR's e outros serviços periféricos da Administração Central que, seja através de subsídios, de benesses, de pressões, de atrasos ou aceleramento de obras estejam a servir esses objectivos do PS.
Na sua declaração, o Secretário-geral do PCP acusou ainda o PS de estar a levar à prática uma política de direita, «cujas consequências estão à vista»: a distribuição do Rendimento Nacional tem penalizado os salários; têm-se acentuado as desigualdades; o emprego criado tem sido pouco, mal pago e de vínculo precário (50% da população activa tem um emprego precário); tem aumentado o desemprego de longa duração.
A par disto, segundo Carvalhas, o Governo tem acentuado nas sua acção «os elementos de demagogia social e de propaganda política», transferindo para depois das eleições, a «concretização de diversas orientações e medidas de carácter anti-popular».

José Decq Mota, que a seguir interveio, manifestou a profunda solidariedade do PCP para com as vítimas dos temporais nos Açores, expressando a disposição dos comunistas em colaborar activamente na tomada das medidas de emergência indispensáveis «para atenuar a dor e os elevadíssimos prejuízos humanos e materiais verificados».
Depois disso - defendeu - é preciso lançar um amplo debate na região sobre as causas que têm levado a que num tão curto espaço de tempo se tenham repetido tão graves e idênticas consequências.


«Avante!» Nº 1249 - 6.Novembro.97