Festru divulga reivindicações
Camionistas
portugueses
são «escravos do volante»
A federação dos Rodoviários levou a cabo segunda-feira uma jornada de esclarecimento e mobilização dos motoristas por melhores salários, mais direitos e horários de trabalho mais humanos.
Os motoristas de transportes
rodoviários de mercadorias «desenvolvem uma actividade
essencial para a economia, mas são considerados apenas como mais
uma peça do camião, que é preciso rentabilizar», protesta a
Festru/CGTP, na nota de imprensa em que anunciou as acções de
dia 3, nas fronteiras de Vilar Formoso, Caia, Valença e Chaves.
A federação sublinha que os camionistas «não têm vida
familiar, trabalham de noite e de dia, com horários que chegam a
atingir 17 e mais horas diárias, não têm descanso semanal nem
férias, sendo autênticos escravos do volante».
Ressalvando que esta iniciativa «já estava prevista antes do
anúncio da greve dos motoristas franceses» com os quais
se manifesta solidária , a Festru aponta as principais
reivindicações e propostas que apresentou, relativamente a
reivindicações salariais, exigências ao Governo português e
alterações à legislação comunitária:
um salário-base de 145 contos, «compatível com o nível elevado de qualificação e penosidade que é exigido aos motoristas de transportes internacionais»;
a criação de uma diária de 9 contos, para alimentação e despesas em deslocação no estrangeiro, o que serviria para «contrariar o actual pagamento ao quilómetro e à viagem, proibido por convenção internacional, na medida em que potencia excessos de tempo de condução e velocidade, com graves prejuízos para a segurança rodoviária»;
o reconhecimento legal das doenças profissionais dos motoristas (nomeadamente, coluna, visão, audição e aparelho digestivo);
a redução da idade legal da reforma, por opção do trabalhador e sem prejuízo da sua pensão;
a aplicação do Regulamento Comunitário 3820 (em discussão pelos ministros dos Transportes da UE) a todo o tempo de trabalho do motorista, prevendo limites diários de condução e um descanso semanal de 48 horas, entre outros direitos.