OE' 98 - I
PCP
luta por uma maior justiça fiscal
Baixar no IRS a taxa do 1º escalão de 15 para 14 por cento, elevando simultaneamente a dedução específica para os rendimentos do trabalho a 75 por cento do salário mínimo nacional - alteração de que beneficiarão todos os contribuintes em IRS, designadamente os de menores rendimentos - , constitui uma das propostas a apresentar pelo Grupo Parlamentar do PCP no decorrer do debate em curso do Orçamento do Estado em sede de especialidade.
Anunciada terça-feira em
conferência de imprensa pelo líder da bancada comunista,
Octávio Teixeira, esta proposta integra um conjunto de outras
incidindo quase todas elas em matéria de fiscalidade.
Conseguir uma "maior justiça fiscal", conforme foi
explicado, é o objectivo visado pela formação comunista, para
quem estas medidas podem e devem ser adoptadas
"independentemente de uma hipotética e futura reforma da
reforma fiscal".
Trata-se, em suma, de um conjunto de alterações com as quais os
deputados comunistas procuram na limitada medida do possível
corrigir aspectos de um Orçamento que, do seu ponto de vista,
contém propostas profundamente negativas que agravam as
desigualdade e as injustiças.
Expondo mais detalhadamente as razões que levam o PCP a
classificar este Orçamento de "profundamente injusto e
inaceitável no âmbito da fiscalidade", Octávio Teixeira
lembrou como o Governo do PS e do engenheiro António Guterres,
"esquecendo e invertendo tudo o que durante anos disseram e
criticaram" apresentam um Orçamento em que se mantém
"a bruta carga fiscal que pesa sobre os rendimentos do
trabalho, em sede de IRS".
O presidente do Grupo comunista vai mesmo mais longe e considera
que a postura do Governo revela que "não quer reduzir a
carga fiscal sobre os trabalhadores". A demonstrá-lo,
observou, "estão as afirmações do Ministro das Finanças
de que quaisquer aumentos de receita derivados de um eventual
acréscimo da eficiência serão canalizados para aumentar a
despesa fiscal, os benefícios fiscais".
Octávio Teixeira acusou ainda o Executivo de "aumentar o
banquete à mesa do Orçamento para as empresas e, em particular,
para as acxtividades e operações financeiras", realidade
visível quer através da redução do IRC em dois pontos
percentuais, quer no alargamento do bodo em benefícios fiscais.
Um facto incontornável, ainda na perspectiva dos deputados do
PCP, é o de o Governo ter desistido neste Orçamento de adoptar
"quaisquer medidas que visem um combate efectivo e eficaz à
escandalosa e insustentável evasão fiscal".
Aumento das pensões
Noutro plano - face ao que
entende ser a completa cegueira e insensibilidade política e
social do Governo perante a situação dos trabalhadores da
Administração Central e Local, bem como dos reformados que
auferem pensões mínimas -, relevo merece também a proposta do
PCP de um aumento extraordinário de 3.000$00 para as pensões
mínimas de velhice e sobrevivência.
De acordo com os termos da proposta, a cobertura financeira será
suportada, para o Regime Geral, com uma parcela dos excedentes
financeiros registados em 1977, devendo os encargos com os regime
agrícola e não contributivos, por outro lado, ser suportados
por transferências do Orçamento do Estado.
Destaque merece por fim a proposta de actualização
extraordinária das pensões de aposentação dos cerca de sete
mil professores que se reformaram antes da implementação do
novo regime retributivo da função pública, os quais, como foi
lembrado, "vivem com pensões profundamente
degradadas".
_______
Propostas realistas
Em matéria fiscal, para além da baixa da taxa do 1º escalão do IRS de 15 para 14 por cento, as propostas do PCP incidem nos seguintes domínios:
Eliminação do anacrónico e injusto imposto de selo sobre as remunerações do trabalho;
Alteração de aspectos específicos da tributação das instituições bancárias, visando acabar ou pelo menos reduzir substancialmente a inaceitável erosão da base tributável dos bancos, qie lesa anualmente o Orçamento em dezenas de milhões de contos em IRC;
Uma proposta visando o combate à fraude fiscal indiciada em 32.000 empresas que, consecutivamente, nos últimos três anos, apresentam prejuízos da ordem dos 500 milhões de contos anuais;
Uma proposta que responsabiliza o Governo pela apresentação à Assembleia da República de um relatório sobre as medidas a tomar para intensificar a intervenção da inspecção tributária no combate à fraude e evasão fiscais;
Uma proposta no sentido da ampliação das possibilidades de acesso da Administração Fiscal às informações protegidas pelo sigilo bancário, por forma a combater a fraude fiscal e a acabar com os milhares de situações escandalosas tipo Damásio;
Uma proposta de incentivos à coesão nacional voltada para a promoção e o apoio do investimento e da actividade produtivas nas regiões do interior do Continente.