Iraque sob
fogo dos EUA
Alegando a necessidade de total imparcialidade, as autoridades iraquianas decidiram expulsar os três membros norte-americanos da Comissão Especial da ONU encarregada do desarmamento não convencional do Iraque (Unescom). As reacções a esta medida não se fizeram esperar.
Os Estados Unidos referiram a
possibilidade de uma intervenção militar, embora dizendo que
«a prioridade é resolver o problema pela via diplomática».
«Não procuramos uma confrontação militar, mas não a
excluimos», afirmou o embaixador dos EUA nas Nações Unidas,
Bill Richardson. O presidente da câmara baixa do Congresso, Newt
Gingrich, também não pôs de lado essa hipótese: «Devemos
tomar qualquer passo que seja necessário para aplicar o
regulamento».
Os quatro principais líderes do Congresso defenderam a
realização de uma intervenção. «A única coisa que Saddam
Hussein parece entender é acção e é isso o que vai ter de
acontecer», o líder democrata na Câmara dos Representantes.
«Eles foram derrotados militarmente. Eles necessitam de
respeitar as regras e deveríamos estar preparados para tomar as
medidas necessárias para fazer cumprir essas regras»,
acrescentou Dick Gephardt.
Entretanto, no domingo o Iraque permitiu a entrada no país de
todos os membros da comissão de inspecções, à excepção dos
três norte-americanos. No dia seguinte, Saddam Hussein
afirmou-se disposto a receber uma delegação da ONU para
discutir a questão, mesmo que esta incluisse cidadão dos EUA.
«Sugerimos isso mesmo, que um delegado norte-americano participe
para que ele nos ouça e nós o ouçamos», declarou o presidente
iraquiano.
As manifestações árabes contra os EUA multiplicaram-se nestes
últimos dias em diversas cidades iraquianas. Milhares de pessoas
participaram em acções de protesto contra as missões da ONU e
a pretensa influência dos «serviços de espionagem dos Estados
Unidos».