Eleições nos bancários do Norte
Lista vitoriosa exige posse imediata



A Corrente Unitária do Sindicato dos Bancários do Norte acusa os elementos das listas derrotadas de tentarem evitar a todo o custo a tomada de posse dos novos corpos gerentes eleitos nas recentes eleições da passada quinta-feira, 11, na sequência da vitória esmagadora obtida pela lista A.


A Corrente integrada pelos bancários comunistas considera que «as pretensas irregularidades em nada impediram a expressão da vontade dos bancários e que, a existirem, foram da responsabilidade de quem dirigiu e organizou o serviço relativo ao acto eleitoral, ou seja dos corpos gerentes anteriores».

Em declarações ao «Avante!», Oliveira Alves, eleito vice-presidente da direcção do SBN, pela lista A, afirma que «a impugnação do acto eleitoral não tem fundamento e que é apenas uma forma de a direcção cessante ganhar algum tempo».

Segundo Oliveira Alves, há casos de utilização abusiva do Sindicato em proveito próprio: «Sabemos que há dívidas pessoais de elementos da actual direcção ao Sindicato e por isso procuram manter-se no poder». Refira-se que uma das primeiras medidas do programa da lista vencedora é apurar o estado financeiro do Sindicato e iniciar uma auditoria às contas.

Os motivos evocados para a impugnação são a não divulgação das listas totais de candidatos pela mesa da Assembleia Geral, oito dias antes das eleições - atraso que foi assumido pela Comissão Eleitoral por unanimidade; alegados atrasos na recepção dos votos por correspondência, desta vez reservados apenas aos reformados e aos que o solicitassem expressamente; e a circulação irregular de urnas itinerantes.

Na opinião de Oliveira Alves, nenhum facto ocorrido teve expressão significativa no resultado eleitoral. «Temos informações de que os votos por correspondência chegaram pelo menos na véspera das eleições. De qualquer modo, todos os associados tiveram possibilidade de votar nas mesas de voto fixas. Quanto às urnas itinerantes, o que sabemos é que os votos assim recolhidos foram anulados. Os candidatos foram amplamente divulgados por cada lista concorrente daí que os trabalhadores foram devidamente informados».


Vitória expressiva

Sob o lema «Pelos Bancários, com os Trabalhadores», a lista A obteve uma expressiva maioria com 62,5 por cento dos votos contra os 21,4 por cento da lista N e os 14 por cento da lista N. Este resultado, «demonstrou que os trabalhadores estão fartos de atropelos e querem que o seu sindicato organize a indignação silenciada contra as prepotências dos banqueiros»

Recorde-se que a lista A é formada, em plano de igualdade, por comunistas, socialistas e sociais-democratas e, com menor representação, pelas tendências democrata-cristã e independente.

Contra ela concorreram duas listas ambas integrando membros da direcção do Sindicato. A lista N, liderada pelo presidente da direcção do SBN e presidente da UGT, obteve 21,4 por cento dos votos enquanto a lista C, constituída por uma facção socialista, recolheu 14 por cento.

Autonomamente, a Corrente Unitária apresentou-se às eleições ao Congresso e às Comissões Sindicais, como lista K, conquistando a maioria dos votos. Para além do direito à presidência do conselho de gerência dos Serviços de Assistência Médica e Social dos bancários, os unitários aumentaram significativamente o número de mandatos nas comissões sindicais.

A nova direcção aponta como principal objectivo «relançar o SBN na senda da defesa dos Bancários e ao mesmo tempo fazer renascer nos trabalhadores a confiança na sua associação de classe, mobilizando-os para enfrentar os graves e variados problemas do sector.

Para tanto propõe-se «estabelecer um plano organizativo para dar eficiência à acção sindical; esclarecer a classe sobre o estado da revisão salarial; interessar os outros sindicatos na organização de acções de combate às prepotências da Banaca, nomeadamente à vergonha do trabalho suplementar não remunerado e à desregulamentação da profissão».


«Avante!» Nº 1255 - 18.Dezembro.97