Advogado pressiona em Albergaria
Sequestradas na fábrica


Algumas trabalhadoras da empresa J. Sousa, Lda., com instalações na Branca (Albergaria-a-Velha), foram retidas durante cerca de duas horas pelo advogado da firma, que as pressionou para aceitarem o despedimento sem o pagamento de quaisquer direitos - denunciou sexta-feira o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil de Aveiro.

Numa nota distribuída à comunicação social, o sindicato refere que o advogado Alfredo Caetano de Sousa reteve uma dezena de trabalhadoras, das 18 às 20 horas, ameaçando-as de que, caso não assinassem o documento de aceitação do despedimento, não receberiam qualquer indemnização em dinheiro, mas apenas camisolas, num valor estimado pelo patrão em cerca de cem contos. Mesmo perante tais pressões, duas trabalhadoras resistiram, o que lhes valeu «insultos e ameaças», chegando o advogado a chamar-lhes «cachorras» - relata o sindicato.

Patrão e advogado - recorda-se na nota - foram os mesmos que há tempos proibiram outra trabalhadora de amamentar o filho; como a proibição não foi acatada, a trabalhadora está ainda suspensa com ameaça de despedimento.

Ao denunciar «mais esta barbaridade», o sindicato revela que «deu já instruções ao seu consultor jurídico para de imediato fazer uma participação para a Ordem dos Advogados contra o advogado da empresa».

«Tudo isto acontece porque neste País nada funciona em termos de justiça de trabalho», protesta o sindicato, que considera «uma vergonha» o comportamento da Inspecção Geral do Trabalho, pois «neste caso concreto, sabia do que se estava a passar e nada fez para o evitar».

O sindicato, sublinhando que insistiu com uma responsável da IGT a solicitar intervenção urgente pois as trabalhadoras estavam em desespero, exige «que alguém ponha termo a esta lei da selva a que estão sujeitos, não só estas trabalhadoras, mas muitos milhares de trabalhadores».


«Avante!» Nº 1255 - 18.Dezembro.97