Estudantes unidos
na luta contra as propinas


Estudantes universitários manifestaram-se em várias cidades do país contra a Lei-Quadro do Financiamento do Ensino Superior que, no fundamental, impõe o pagamento generalizado de propinas.

Em Lisboa, milhares de universitários manifestaram-se, ao longo de mais de três horas, com concentrações sucessivas na Cidade Universitária, Ministério da Educação e residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. Um grande movimento de protesto, de que a comunicação social quase só reteve os confrontos finais com a polícia, quando alguns jovens levantaram as grades colocadas frente à Assembleia da República.

Em Coimbra, a Associação Académica promoveu uma mobilização em massa, tomando posição inequívoca na luta contra as propinas. Partindo de uma acção de agitação nas salas de aula, os estudantes percorreram as principais ruas da cidade, numa das maiores manifestações da história da Academia. No panfleto distribuído, apelava-se a uma greve de zelo e a outras acções de luta. No texto – e sob o título "Leis sem razão hipotecam o futuro da nação!" – exige-se a revogação do diploma e a suspensão do actual regime de atribuição de bolsas.

No Porto, a Federação Académica organizou uma vigília nocturna frente à Câmara e denunciou, com números, as profundas injustiças que marcam a lei, que impõe o pagamento de propinas mesmo a bolseiros. Segundo os números apresentados ao Conselho Nacional para a Acção Social Escolar no Ensino Superior (CNASES), dos 19.906 alunos que frequentam a Universidade do Porto, 18 por cento são candidatos a bolsas, sendo que apenas 58 por cento dos candidatos têm bolsas.

Também em Bragança, as associações de estudantes do instituto politécnico fecharam as portas das escolas, manifestaram-se e fizeram greve às aulas.

Em Trás-os-Montes e Alto Douro, a associação académica tem vindo a recolher assinaturas para um abaixo-assinado a exigir a "imediata suspensão e consequente revogação" da lei.

Em Évora, cerca de mil estudantes manifestaram-se pelas ruas da cidade, registando-se claro apoio da população.


JCP solidária
com a luta dos estudantes

Uma vez mais estudantes de todo o país se manifestaram contra a lei das propinas. Uma vez mais milhares de estudantes gritaram nas ruas o seu protesto contra a desresponsabilização do estado no financiamento do ensino superior, contra o desvirtuamento das bolsas de estudo, contra os cortes nos orçamentos das escolas e na Acção Social escolar, contra a tentativa de expulsar milhares de estudantes do ensino superior, contra a traição do governo PS/Guterres que prometera não sobrecarregar o contributo das famílias no financiamento do ensino superior - afirma a Comissão Política da Direcção Nacional da JCP, em comunicado de imprensa.

No documento, que questiona a capacidade de diálogo do governo, pergunta-se, face á amplitude que a luta estudantil está a assumir, se "o sr. Ministro Marçal Grilo e os seus colegas do governo poderão continuar a ignorar a vontade e a força do estudantes?"

A JCP reafirma a sua solidariedade com a luta dos estudantes e compromete-se "a lutar por todos os meios ao seu alcance pela revogação desta lei de financiamento e pela aprovação de outra, que garanta o correcto financiamento das instituições de ensino superior sem que para isso se aumentem as propinas".


«Avante!» Nº 1255 - 18.Dezembro.97