Espanha
Novos movimentos no País Basco


José Luis Caso Cortines, conselheiro municipal do PP da localidade de Renteria, foi assassinado na passada semana num bar de Irun com um tiro na cabeça. O autor do disparo foi um homem encapuçado que a polícia espanhola alega pertencer à ETA.

O atentado ainda não foi reivindicado, mas provocou de imediato uma onda de protesto contra a organização separatista basca. No sábado, dois dias depois do atentado, realizou-se uma manifestação em San Sebastian. Convocada por todos os partidos políticos (à excepção do Herri Batasuna), esta iniciativa reuniu dezenas de milhares de pessoas. Uma faixa que pedia «A paz agora e para sempre» encabeçava o desfile.

Entretanto, os sindicatos LAB e ELA decidiram desmarcar a manifestação que se realizaria no sábado e uma paralisação de duas horas convocada para ontem. Estas duas acções tinham como objectivo protestar contra a condenação em sete anos dos membros da Mesa Nacional do Herri Batasuna, acusados de colaborar com a ETA.

Os dirigentes sindicais declararam que o assassinato de José Luis Caso os «comoveu» e que nestas circunstâncias não há condições para as iniciativas anunciadas, prevendo possíveis «incidentes que impediriam o normal decurso da manifestação».

O assassinio de Caso constitui o primeiro atentado mortal desde a leitura da sentença contra o HB.


Aznar defende repressão policial

O governo de José Maria Aznar anunciou o reforço da segurança dos 210 vereadores do PP residentes no País Basco e a não alteração da sua posição contra a ETA, defendendo exclusivamente a acção das forças de segurança e a colaboração internacional. Outras organizações políticas e sindicais, nomeadamente a Esquerda Unida, o PSOE e o Partido Nacionalista Basco, preconizam a combinação de medidas políticas e da actuação policial.

No início da semana passada, o secretário-geral do PSOE, Joaquin Almunia, propôs a concessão de indultos aos presos etarras que se mostrassem arrependidos e renunciassem à luta armada. Esta proposta foi recusada pelo governo.

Contudo, o executivo decidiu recentemente transferir para prisões do País Basco 30 presos etarras, de acordo com uma selecção personalizada, sublinhando que esta medida não obedece a critérios globais.

Actualmente existem mais de 500 detidos membros da ETA distribuidos em instituições prisionais localizadas em todo o território espanhol, inclusivamente nos arquipélagos. Uma das reivindicações dos nacionalistas do Herri Batasuna é a concentração destes presos em cadeias bascas, recorrendo à legislação internacional segundo a qual todos os detidos devem cumprir as suas penas em prisões o mais perto possível da zona de origem.


«Avante!» Nº 1255 - 18.Dezembro.97