Alqueva
Uma oportunidade ímpar
de combater a desertificação


As declarações proferidas pelo primeiro Ministro António Guterres, no passado dia 6, no Alqueva, e as afirmações do ministro da Agicultura Gomes da Silva feitas ao Diário Económico, mereceram um comentário ao Organismo Inter-Regional do Alentejo do PCP.

Em primeiro lugar, os comunistas consideram «importante e significativo» que o Primeiro Ministro tenha reconhecido que o atraso no arranque do Alqueva se traduziu por graves prejuízos para o país e que o Alentejo é merecedor da solidariedade nacional.
Tratam-se de afirmações que comprovam «a justeza das propostas há muito avançadas pelo PCP para o desenvolvimento da região» e que, se tivessem sido tidas em conta, teriam feito do Alentejo uma região «próspera e desenvolvida» e não uma região «desertificada e envelhecida» como é hoje.
Entretanto, o PCP quer que fique claro que as ideias avançadas pelo Governo, no sentido de «deixar ao mercado a resolução da errada estrutura fundiária existente e que todos os estudos apontam como um dos principais estrangulamentos ao desenvolvimento da região», comprometem o «racional aproveitamento» dos investimentos em curso e não contribuem para resolver «uma questão estratégica para a região», como é o combate à desertificação através da democratização do acesso à terra.
«Tranformar este grande investimento público em mais um prémio de 300 milhões de contos aos grandes proprietários» é, na opinião do OIRA, um «monumental escândalo» e uma «grave ofensa» ao povo alentejano, que os portugueses «não podem deixar de repudiar energicamente».
O Alqueva, alerta por fim o PCP, constitui uma «oportunidade ímpar» para assegurar o acesso à terra por parte de muitos trabalhadores agrícolas e pequenos agricultores, cujas explorações não têm dimensão para assegurar a sua independência económica, e promover a alteração dos sistemas agrícolas, essencial para a eficácia do projecto. Ora, as medidas avançadas pelo governo não asseguram estas possibilidades, razão por que o PCP está em desacordo com elas.


«Avante!» Nº 1259 - 15.Janeiro.98