Sahara Ocidental
1998 -
Ano da independência
«O ano de 1998 poderá ver nascer em África, no território do Sahara Ocidental, um novo Estado reconhecido pela comunidade internacional: a República Árabe Saharaui Democrática.Tudo irá depender da limpidez, transparência e honestidade com que as Nações Unidas irão preparar e conduzir o processo de consulta à população do território sobre o seu destino e do território daquela que foi colónia espanhola no Magrebe» - quem o afirma é a Associação de Cooperação e Amizade com o Povo Saharaui, num documento divulgado há dias através da Internet.
O texto recorda que o
referendo de autodeterminação está marcado para 7 de Dezembro
deste ano, e salienta que «para um pequeno povo que há altura
do abandono da potência colonial, em 1975, seria em número de
pouco mais de 70 mil pessoas, é de fundamental importância a
atenção e o acompanhamento que os orgãos de Comunicação
Social, a opinião publica e a comunidade internacionais» darão
ao assunto.
Em causa está a aplicação do Plano de Paz e os preparativos do
referendo, acordados pelo Reino de Marrocos - potência ocupante
- e o movimento de libartação nacional saharaui, a Frente
Polisário, sob a mediação da ONU. Um proceso que contou com a
intervenção resoluta do ex-secretário de Estado
norte-americano, James Baker, na qualidade de enviado pessoal do
secretário-geral das Nações Unidas, abrindo caminho à
autodeterminação daquela que é hoje a mais antiga colónia no
território africano.
James Baker veio a ser
substituído por Charles F. Dunbar, o novo representante especial
das Nações Unidas para o Sahara Ocidental.
Especialista em questões do Médio Oriente, Charles Dunbar foi
embaixador no Afeganistão, no Quatar e no Yemen, tendo sido
responsável pelo «dossier» do Afeganistão na Secretária de
Estado dos EUA, onde trabalhou durante 31 anos. No início da sua
carreira diplomática, Dunbar trabalhou em diversas
representações diplomáticas dos EUA, nomeadamente, em Teerão,
Argel, Rabat e Nouakchott. Fala fluentemente o francês, o árabe
e o persa e preside, desde 1993, ao Cleveland Council on World
Affairs.
Fundamental para levar a cabo o processo de paz é a realização do recenseamento eleitoral.
Segundo um porta-voz da MINURSO - força da ONU para o Sahara Ocidental - estão actualmente em funcionamento seis centros de identificação: dois em El Aiun, capital do Sahara Ocidental ocupada, um em Smara, a cidade santa situada a norte do território, um em Tan-Tan (no Sul de Marrocos), um no campo de refugiados de Smara e um no campo de Dakhla. Ao longo das últimas semanas, desde o dia 3 de Dezembro, apresentaram-se nos centros de identificação 8.992 candidatos a integrarem os cadernos eleitorais dos 12.000 convocados. Até ao momento, o número total de pessoas que passaram pelo processo de identificação é de 69.104, faltando trabalhar cerca de 150.000 pedidos de identificação.