Preocupante situação laboral e social no distrito
Sindicatos e CTs de Lisboa exigem
subida real e justa dos salários


O patronato «sente-se, em muitos campos, coberto pelo Governo, ou porque não se responsabiliza nem actua para impor a autoridade do Estado, ou porque escolhe políticas anti-trabalhadores e anti-sindicais», acusam as estruturas presentes no plenário distrital de ORTs.

A reunião das organizações representativas dos trabalhadores nas empresas de Lisboa, realizada na passada quinta-feira, analisou a situação social e laboral, apontando como motivos de preocupação os casos, registados em «muitas empresas», de redução de postos de trabalho, de encerramentos, de não pagamento de salários ou indemnizações, de impedimento ao exercício dos direitos democráticos legalmente reconhecidos.

Os dirigentes e delegados sindicais e membros de comissões de trabalhadores - numa moção aprovada no plenário e entregue, após um curto desfile até ao Ministério do Trabalho (Ferro Rodrigues manteve-se, após a remodelação, no edifício da Solidariedade, perto do Instituto da Vinha e do Vinho) - voltaram a exigir «resolução urgente» para as dívidas, de cerca de 13 milhões de contos, a trabalhadores de firmas que encerraram ou faliram.


Crescimento!

«Garante o Governo que há crescimento económico», regista-se na moção, concluindo de seguida que «legítimo se torna que desse crescimento têm de beneficiar os portugueses mais desfavorecidos, onde se incluem os trabalhadores». Exigindo que tal crescimento se reflicta na criação de emprego, o encontro reclama «aumentos salariais reais e justos, abolindo quaisquer propósitos de contenção salarial», bem como a redução do horário de trabalho para o máximo de 40 horas.

«As políticas sociais bem podem depois vir deitar remédios sobre as feridas provocadas pela política económica! Enquanto esta for exclusivamente favorável aos patrões, aquelas nunca serão justas!» - Com tal pressuposto, os representantes dos trabalhadores, reunidos por iniciativa da USL/CGTP e da CIL, exigem do Governo «políticas económicas geradoras de emprego com direitos e justamente remunerado»; do patronato pretendem «o fim da destruição de postos de trabalho e o respeito das leis laborais».

Na moção declara-se «profunda oposição aos critérios de convergência para a moeda única, geradores de desemprego, desigualdades sociais, desregulamentação laboral e social», e manifesta-se a disposição de «mobilizar os trabalhadores contra a política neoliberal da União Europeia e das transnacionais».

Decorrendo durante a semana de acção da CGTP em defesa da Segurança Social, o plenário de ORTs de Lisboa exigiu que este sistema, considerado «fundamental conquista dos trabalhadores», seja «mantido e melhorado em tudo o que lhe é essencial, não dando o Governo cobertura às pretensões neoliberais do sector financeiro, assumidas nas propostas da maioria da Comissão do Livro Branco».


«Avante!» Nº 1260 - 22.Janeiro.98