Cabos de Ávila em Audição Parlamentar
Urge uma tomada de posição do Governo


A solução capaz de resolver a difícil situação em que se encontra a empresa Cabos de Ávila passa pela nomeação de uma gestão competente que garanta a sua viabilização. Esta ideia voltou a ser reafirmada pelo Grupo Parlamentar do PCP no decorrer da audição parlamentar realizada por sua iniciativa, faz amanhã oito dias, na qual participaram os secretários de Estado da Indústria e do Emprego. Cabe assim ao Governo, enquanto credor com uma posição maioritária na assembleia de credores, adoptar urgentemente as medidas que assegurem aquele objectivo, pondo assim fim à dramática situação que atinge a fábrica e os seus 230 trabalhadores.

Esta exigência de uma tomada de posição do Governo no sentido de dotar aquela fábrica de condutores eléctricos de uma gerência que dê garantia de competência e de empenho sério na sua viabilização tem sido, de resto, uma constante por parte do Grupo comunista desde que a crise se agudizou na empresa, nomeadamente após a cessação da sua laboração no início de Dezembro.

Ainda na semana transacta, em intervenção no período antes da ordem do dia, o deputado António Filipe voltou a abordar o assunto, lembrando que não se trata de uma "querela familiar a dirimir entre parentes", mas sim de uma "questão política e social em que o Governo tem responsabilidades que não pode deixar de assumir".

Referiu concretamente estarem em causa não apenas a sobrevivência de uma empresa importante para o sector de actividade e para a região em que se insere, mas também, acima de tudo, a subsistência de postos de trabalho de que dependem 230 trabalhadores e sua famílias, os quais, recorde-se, não recebem salários desde Outubro de 1997.

Neste contexto, para o deputado do PCP, o Executivo "não pode encolher os ombros", tendo a obrigação de tomar decisões que ponham termo à paralisia da empresa e permitam o regresso ao trabalho em condições de normalidade.

Entendendo que a cessação de actividade da Cabos de Ávila por "atitude deliberada e inaceitável da gerência" não pode manter-se por mais tempo, sob pena de virem a ocorrer consequência irreversíveis para o seu futuro e respectivospostos de trabalho, António Filipe reterou a solidariedade da formação comunista aos trabalhadores, saudando-os pela pela "coragem e dignidade" que têm revelado na condução da sua luta.


«Avante!» Nº 1260 - 22.Janeiro.98