Médio Oriente
Uma nova tentativa


Termina hoje, em Washigton, a cimeira entre a Autoridade Palestiniana e Israel, cujos representantes se reuniram separadamente com o presidente norte-americano, Bill Clinton.

Os palestinianos partiram para a iniciativa com esperança. «A conferência constituirá um ponto de viragem não só para os palestinianos e israelitas, como para toda a região», afirmou Yasser Arafat na semana passada.
No entanto, a sua atitude não tem nada de ingénua e, perante todos os obstáculos levantados pelo governo hebraico, o gabinete de Arafat lançou um apelo «ao presidente Clinton para que salve o processo de paz, em perigo pelos autores da ocupação e da colonização israelita». «A minha grande esperança é que Clinton convença Netanyahu a respeitar os compromissos», afirmou o presidente palestiniano.

Do lado israelita não se esperam novidades de peso. No dia 14, Benjamin Netanyahu decidiu manter o controlo da maioria do território da Cisjordânia, alegando «interesses nacionais primordiais». A Rússia condenou de imediato esta decisão por contrariar o espírito dos acordos de Madrid e o movimento geral na região.

Entretanto, a Comissão Europeia apontou como as principais causas do «impasse» do processo de paz as «decisões do actual governo israelita», acrescentando que a estabilidade económica dos territórios palestinianos é um factor fundamental para a estabilidade do Médio Oriente, tão ou mais importante que «a abertura do aeroporto de Gaza, a luta contra o terrorismo ou a segurança de Israel».
Num comunicado aprovado por unanimidade no fim de Dezembro mas só agora divulgado de forma a não prejudicar o processo de paz, a Comissão Europeia considera indispensável um maior envolvimento político da União Europeia na mediação entre as duas partes. Esta posição é justificada com o financiamento disponibilizado para a Palestina: 336 milhões de contos doados entre 1994 e 1998.
De acordo com dados da UE, devido ao bloqueio israelita o índice de riqueza «per capita» dos palestinianos sofreu uma redução de 35 por cento, enquanto o desemprego aumentou de 20 para 42 por cento e as perdas comerciais ascendem a cerca de 300 milhões de dólares por ano. O investimento privado representa hoje um quarto do que era em 1993.


«Avante!» Nº 1260 - 22.Janeiro.98