Reuniu Conselho Regional de Beja
Alentejo precisa
de «discriminação positiva»


«É justa e urgente uma nova política governamental para o Alentejo de discriminação positiva e não de abandono e marginalização, que canalize para aqui mais dinheiros e meios para combater a desertificação e o desemprego». Esta foi uma das conclusões dos comunistas de Beja que reuniram no passado sábado, 21, o Conselho Regional de Beja.

Durante os trabalhos foi analisada a conjuntura política e social no distrito e debatidos amplamente aspectos da vida interna partidária e da intervenção do PCP na sociedade.
O Conselho Regional constatou que o desemprego apresenta na região a taxa mais elevada do País, apesar da «permanente quebra demográfica, do grande número de reformados na região, da limpeza de ficheiros nos centros de emprego e da engenharia estatística». Em resultado, os jovens continuam a ser forçados a abandonar a região em busta de trabalho noutras zonas do país, ou no estrangeiro.
A situação no domínio da saúde é também caracterizada por graves carências: faltam dezenas de médicos; os hospitais e centros de saúde funcionam mal; cerca de 12 mil pessoas não têm médico de família.
Os comunistas chamam ainda a atenção para o mau estado das estradas, como é exemplo o troço Ficalho/Serpa, no trajecto do adiado IP 8, que é uma das rotas da Andaluzia para a Expo/98.
Considerando positivo que as obras do Alqueva estejam a decorrer, o PCP manifesta preocupação pelo facto de se manter a indefinição sobre aspectos como a área a irrigar e sobretudo com a falta de garantia de acesso de pequenos e médios agricultores e trabalhadores agrícolas às terras irrigadas, deixando ao mercado a função de regular a questão central do regime de propriedade. Neste âmbito, o Conselho Regional defendeu a urgente criação de um centro de Experimentação de Regadio, a instalar no distrito de Beja.


Verbas esgotadas

Entre várias críticas à política do Governo, os comunistas de Beja denunciam o caracter propagandístico da instalação do ProAlentejo e a nomeação das dirigentes desse programa e da CCRA, que «apenas serviram para colocar mais alguns boys na região».
Com base nas denúncias da generalidade das autarquias alentejanas, o PCP afirma que os dinheiros do Programa Operacional Regional do Alentejo estão há muito esgotados ou comprometidos e que se entretanto o Governo não reforçar as verbas, só no ano 2000, no próximo quadro comunitário de apoio poderá haver mais fundos da União Europeia para o Alentejo.
Acolhendo com entusiasmo as decisões da reunião do Comité Central do PCP de 14 e 15 de Fevereiro, o Conselho Geral apelou aos seus militantes e às organizações no distrito para que se empenhem no seu cumprimento, em especial no vasto movimento de reflexão, debate, tomada de decisões e adpção de medidas visando dar um novo e vigoroso impulso na organização, intervenção e afirmação política do Partido.

Para os próximos meses, estão previstas várias inicativas comemorativas do 77º aniversário do PCP, bem como a participação activa dos comunistas nas comemorações do Dia Internacional da Mulher, do Dia da Juventude, do 25 de Abril e do 1º de Maio.
O Conselho Regional prestou ainda homenagem à memória de Ivo Góis, membro da DORBE do PCP e destacado sindicalista, cujo desaparecimento recente constituiu uma enorme perda para a organização partidária e para o movimento sindical unitário alentejano.


«Avante!» Nº 1265 - 26.Fevereiro.98