Transportes Stagecoach
Nova greve começa na segunda-feira


Depois de terem cumprido uma greve no passado dia 20 de Fevereiro, que registou uma adesão de 80 por cento, os trabalhadores da empresa de transportes Stagecoach, cuja área de exploração se situa no Estoril, convocaram nova paralisação para a próxima segunda-feira dia 2 de Março.

A fortíssima adesão à luta verificou-se apesar das pressões a que os motoristas têm sido sujeitos pela administração que ameaçou os grevistas com represálias, nomeadamente todos os contratados a prazo de que não veriam os seus contratos renovados.
No passado dia 20, os trabalhadores reunidos em plenário decidiram convocar a nova greve com início a partir das 3 horas da manhã do dia 2 de Março, terminando «quando os trabalhadores o decidirem», afirma um comunicado da Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários e Urbanos (FESTRU).
No plenário foi aprovada uma proposta reivindicativa que exige a introdução na tabela salarial do agente único e sobre este valor o acréscimo de 3,5 por cento. É ainda reclamada a passagem a efectivos dos trabalhadores com contratos a prazo. Recorde-se que um motorista desta transportadora tem hoje uma tabela de 84.700 escudos e que a administração fez uma proposta de actualização de apenas 2,7 por cento.


Carris parada a 65 por cento

Também os trabalhadores da Carris efectuaram uma greve para passada semana, dia 18, com índices de adesão de 65 por cento. A paralisação ocorreu entre as 10 e as 14 horas, período em que se realizaram plenários em todas as estações da companhia.

Entre as razões da luta surge à cabeça a lei que exige aprovação em exames psicotécnicos para renovação da carta de condução dos motoristas de veículos pesados de passageiros e de transportes de mercadorias perigosas. Os trabalhadores consideram que esta lei coloca em causa os seus postos de trabalho e exigiram que o Governo alterasse o seu conteúdo.
Entretanto, no passado dia 16, numa tentativa de desmobilizar a greve, foi suspenso o artigo 17º da referida Lei 336/97, medida que a FRESTRU considera insuficiente já que se aplica apenas aos motoristas de pesados de passageiros (categoria D) mantendo a obrigatoriedade do testes para os motoristas de transportes de mercadorias perigosas. Por outro lado, afirma a FESTRU, «a suspensão sem a necessária alteração do conteúdo da lei não resolve os problemas apenas os adia».
Os trabalhadores da Carris reivindicam ainda um aumento real dos salários, com base na inflação prevista (mais de dois por cento) mais o aumento de produtividade (cinco por cento) reconhecido pela empresa. Exigem igualmente a redução do horário de trabalho; o pagamento suplementar de acordo com a lei em vigor; o respeito pelos direitos e garantias consignadas no Acordo de Empresa; e soluções imediatas face ao agravamento da insegurança das tripulações que têm sido alvo de diversas agressões.


Museus e palácios

Por seu lado, os trabalhadores dos museus e palácios decidiram não trabalhar na terça-feira de Carnaval, considerando que não eram obrigados a fazê-lo. Evocam para isso a sua qualidade de trabalhadores da Função Pública aos quais um despacho do primeiro-ministro concedeu tolerância de ponto neste dia.
Com um Encontro marcado para o próximo dia 2 de Março, os funcionários dos museus e palácios deixam claro que «não aceitam ser tratados pior que os outros trabalhadores da Função Pública».


«Avante!» Nº 1265 - 26.Fevereiro.98