Conferência em Milão
Pela redução do horário de trabalho


Promovido pelo Partido da Refundação Comunista (PRC), de Itália, realizou-se a 13 e 14 de Fevereiro, em Milão, uma conferência sobre a redução do horário de trabalho e a perspectiva europeia.

A iniciativa reuniu centenas de especialistas económicos, sociólogos, quadros sindicais e partidários de diversas tendências da esquerda da Europa, etc. De Portugal, participaram na conferência Joaquim Miranda e Américo Costa, membros do Comité Central do PCP, e Jorge Cadima, colaborador da Secção Internacional do PCP.

No dia 15, no Teatro Novo de Milão, realizou-se um comício em que intervieram nomeadamente dirigentes do Partido Comunista Francês, do Partido do Socialismo Democrático da Alemanha, da Esquerda Unida de Espanha, do Partido da Esquerda da Suécia e do PCP. A intervenção final coube a Fausto Bertinotti, secretário-geral do PRC.

Américo Costa, na sua intervenção, referiu-se à situação laboral e social e à luta em Portugal pelas 40 horas, criticou a duplicidade do Governo PS e as orientações neoliberais de Maastricht, que imperaram na Cimeira de Amesterdão e na Cimeira do Luxemburgo e se pretende eternizar pelo chamado «Pacto de Estabilidade».

Salientando a importância da luta de massas em cada país, bem como a cooperação e acções comuns internacionais, Américo Costa sublinhou que «embora numa fase de consolidação das 40 horas, julgamos que a evolução, designadamente para as 35 horas semanais deve ser consagrada por via legislativa, mas exige prévia e indispensavelmente ser sustentada em processos reivindicativos e de negociaçao a nível de empresa e sector, envolvendo e mobilizando os principais destinatários - os trabalhadores. E pensamos que esta ofensiva a nível de cada país deve ser extensiva a toda a União Europeia».

«A redução da jornada de trabalho não pode funcionar como moeda de troca para a redução do salário que, no caso português, pelos baixos níveis salariais praticados, seria não só insistentável como inaceitável à luz do princípio da justiça social», defendeu Américo Costa.


«Avante!» Nº 1265 - 26.Fevereiro.98