«EXPO’98 é mais-valia
para a cidade e o País»

— afirma Carlos Carvalhas numa visita aos trabalhos da Exposição


A convite e acompanhado pelo Comissário Geral, Torres Campos, o Secretário-Geral do PCP, Carlos Carvalhas, visitou na passada quinta-feira o recinto da EXPO’98, em Lisboa, que irá abrir as portas aos visitantes do mundo inteiro em 22 de Maio próximo.

A visita iniciou-se com uma breve apresentação desta última grande exposição mundial do século XX, com suporte audiovisual e feita pelo Comissário nas instalações da Parque EXPO, prosseguiu com uma deslocação ao terreno, onde o dirigente do PCP apreciou o andamento dos trabalhos e algumas das obras já em fase de conclusão, e terminou num almoço oferecido aos visitantes. Carlos Carvalhas foi acompanhado por António Andrez, da Comissão Política do CC do PCP, Virgílio Azevedo, do Secretariado, e João Amaral, membro do CC e deputado.
Acompanhado por numerosos jornalistas, o Secretário-Geral do PCP constatou a importância deste projecto para a cidade de Lisboa e para o País, concordou com o Comissário no entendimento de que a EXPO’98 é um empreendimento nacional, assinalou o empenhamento do PCP, nomeadamente através das Câmaras de Loures e de Lisboa, e advertiu para a necessidade de se ter em conta «o dia seguinte», ou seja, o futuro daquele grande espaço após o encerramento da Exposição, a 30 de Setembro.

Na breve apresentação que fez nas instalações da Parque EXPO, apoiada num filme de promoção que resume os objectivos, o alcance e a importância da EXPO’98, Torres Campos assinalou que «um projecto desta envergadura deve ser assumido como uma realização nacional, não fazendo sentido ser um projecto de um partido ou de um governo», historiando os caminhos desta última grande exposição mundial do século XX, a começar pela ideia de a ligar aos oceanos, homenageando assim, na figura de Vasco da Gama e no ano do quinto centenário da sua chegada à Índia, tanto a gesta marítima portuguesa como a sua universalidade. Foi graças à EXPO’98 que a ONU proclamou 1998 como o Ano Internacional dos Oceanos e o impacto do tema da Exposição acabou por ultrapassar as expectativas de adesão, havendo hoje cerca de 145 países inscritos para nela participar.

Outro aspecto realçado por Torres Campos foi o impacto da EXPO’98 na Zona Oriental de Lisboa. «Esta zona era uma espécie de porta das traseiras da cidade, um depósito de lixo. Com a Exposição, criou-se aqui uma nova centralidade. Uma frente de cinco quilómetros de rio vai tornar-se numa zona urbana de grande qualidade, com um belo parque, e a Zona Oriental pode ser um novo centro, onde a cidade vai ter um valor acrescentado», afirmou o Comissário da EXPO’98, que assinalou, igualmente, diversas estruturas construídas para a Exposição e que vão permanecer para além dela. É o caso da Estação Oriente (grande zona de transportes intermodal), do Pavilhão Multiusos (ou da Utopia), com uma capacidade para 17 mil pessoas, do Oceanário (o maior aquário da Europa), das Zonas Internacionais Norte e Sul ou do Pavilhão de Portugal.

Torres Campos fez notar, ainda, que a venda de terrenos a promotores urbanísticos privados constitui a maior fonte de receitas da EXPO’98. «Nós preparamos os terrenos e os promotores imobiliários apresentam-nos os seus projectos, que têm de ser todos aprovados também por nós», informou.


Pavilhões

Nos cerca de 60 hectares que o recinto da Exposição ocupa em torno da Doca dos Olivais, erguem-se os vários pavilhões, cujo conteúdo e arquitectura se inspiram no tema «Os Oceanos, um património para o futuro». Cerca de 70 por cento das construções permanecerão após a Expo.

O Pavilhão de Portugal constitui uma das referências fundamentais. Com localização privilegiada e um projecto da autoria do arquitecto Siza Vieira, este será o espaço que introduz a temática dos Oceanos, numa perspectiva histórico-cultural integradora da diversidade e da confluência de culturas, sublinhando o papel de Portugal no movimento de apropriação dos oceanos.

No Pavilhão dos Oceanos (Oceanário) estarão representadas, com a sua fauna e flora, as quatro regiões oceânicas; no total, estarão aqui mais de 15 mil exemplares de 200 espécies. Concebido pelo arquitecto norte-americano Peter Chermayeff (autor também do Oceanário de Osaka), poderá receber 60 mil visitantes por dia. Manter-se-á em funcionamento para além da Expo.

As descobertas do Homem no conhecimento dos mares e as perspectivas de futura ocupação e sobrevivência dos oceanos ocupam o Pavilhão do Conhecimento dos Mares e o Pavilhão do Futuro, cujas áreas expositivas se completam entre si.

Uma grande encenação multimedia, inspirada numa proposta original do grupo francês Rozon, para o mito da criação, será apresentada no Pavilhão da Utopia. O espectáculo é repetido diversas vezes ao dia, num anfiteatro com dez mil lugares sentados. Após a Expo, este edifício funcionará como Pavilhão Multiusos de Lisboa.

As representações dos países participantes, com os pontos de vista nacionais sobre os oceanos, instalam-se nas áreas internacionais (Sul e Norte). Nesta Exposição, o espaço é oferecido, solicitando a EXPO’98 que os países apostem no seu conteúdo. No futuro, a área internacional Norte transformar-se-á no novo Centro de Exposições de Lisboa da Associação Industrial Portuguesa (que desactivará a actual FIL).

No Parque da Realidade Virtual é proposta, em estreia mundial, uma viagem à «Oceânia». Grupos de 40 visitantes poderão descer ao fundo do mar e, depois de uma viagem que promete ser recheada de emoções, vão encontrar as ruínas de uma cidade perdida... Após o encerramento da Expo, este pavilhão será integrado num parque temático dedicado aos oceanos.

Espaço lúdico e de lazer, os Jardins da Água albergam o Auditório Júlio Verne, o teatro que se destina a receber os espectáculos programados pelos países participantes.

Existem ainda áreas reservadas à participação de empresas e de organizações nacionais e internacionais.

A par da Exposição, está em curso o projecto da Expo Urbe, reconversão urbana que se estende por 340 hectares ao longo de 5 quilómetros, à beira-Tejo. Até 22 de Maio, estará concluída a construção de 1850 fogos, dois hotéis e instalações de empresas. Depois de 30 de Setembro, deverão ficar a viver nesta zona mais de 5 mil pessoas. O projecto desenvolve-se até 2009, apontando para um total de 10 mil fogos, 25 mil habitantes e 18 mil empregos.

 

«Pela nossa parte, tudo faremos
para que a Exposição seja um êxito»

«Este projecto, quer se tenha reservas ou não, é um projecto nacional», afirmou Carlos Carvalhas aos jornalistas, no final da visita. O secretário-geral do PCP declarou que, «pela nossa parte, tudo faremos para que a EXPO’98 seja um êxito».

Carvalhas verificou que «há pavilhões muito bonitos» e que «a recuperação urbana em curso e as zonas verdes à beira-rio vão transformar radicalmente esta zona de Lisboa», constituindo a Exposição Mundial «uma mais-valia para a cidade e para o País».

«Temos dado a nossa contribuição positiva, nomeadamente através das câmaras municipais de Loures e Lisboa», recordou o dirigente comunista.

Depois de chamar a atenção para as experiências anteriores de eventos semelhantes, Carlos Carvalhas alertou para a necessidade de «ter também em conta o dia seguinte» ao encerramento da EXPO’98, quer no que diz respeito à «dinamização social, cultural e urbana de toda esta área da cidade», quer também quanto ao futuro dos «milhares de pessoas que aqui trabalham».


«Avante!» Nº 1265 - 26.Fevereiro.98