Quadros
sindicais
reúnem em Lisboa
Com a participação de Jerónimo de Sousa, decorreu
no passado sábado uma reunião de quadros ligados ao trabalho
sindical e às organizações de empresa do distrito de Lisboa,
que teve como objectivo central levar à prática as
orientações do Comité central relativas ao reforço do Partido
e ao aprofundamento da sua ligação às massas.
Três questões mereceram
particular atenção: a alteração das leis eleitorais, tendo
sido frisado que a eventual criação dos círculos uninominais
afecta quase exclusivamente o partido dos trabalhadores e a
possibilidade destes fazerem ouvir a sua voz na Assembleia da
República; a integração de portugal na moeda única com o seu
rol de consequências nefastas, designadamente sobre o emprego; a
caracterização do actual momento e das enormes dificuldades
objectivas na actividade do Partido como o desaparecimento de
grandes empresas e das respectivas células, a precariedade, a
alteração da correlação de forças a nível internacioonal a
favor do capital.
Entre as direcções de trabalho que resultaram da reunião, foi
salientado que quer o reforço do Partido, quer do movimento
sindical exigem um particular esforço em direcção aos jovens
trabalhadores, a identificação das suas reivindicações e
problemas e a demostração da utilidade prática da existência
do sindicato. A integração de jovens na actividade sindical
será o único caminho para conduzir ao rejuvenescimento e
renovação dos quadros.
Durante os trabalhos, foi reconhecido que o capital necessita desesperadamente de conformar o movimento sindical e os partidos das classes trabalhadoras ao quadro de uma mera «gestão da crise» do seus sistema. A esta luz se interpretaram os esforços das políticas de direita e dos governos que as executam no sentido de promover a «conciliação de classes» através dos processos de «concertação social» que pretendem implementar a partir do topo e estender até à base em cada empresa, bem como a difusão de teorias que preconizam o fim dos sindicatos, pelo desaparecimento da prórpia luta de classes.
Estas teorias foram amplamente combatidas mas, sobretudo, sublinhou-se a importância de uma prática que aprofunde a participação e o envolvimento dos trabalhadors na luta concreta e que valorize o seu papel e os seus resultado.
A reunião discutiu ainda as relações internacionais da CGTP e o financiamento dos sindicatos pelo Estado. Quanto à primeira questão verificou-se um grande consenso relativamente à manutenção da central como não filiada em nenhuma das confederações mundiais e das relações de cooperação com todas elas. Quanto à segunda, as intervenções alertaram para os perigos de perda de independência do movimento sindical face ao Governo e ao Estado, e de perda de credibilidade junto dos trabalhadores.