Ferroviários em greve
na segunda-feira


Num cenário de contínua e premeditada degradação das condições de trabalho, a CP vem propostos aumentos de miséria. O subsídio de alimentação teria acréscimos de 13 ou 17 escudos!

Para segunda-feira, dia 9, a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Ferroviários Portugueses convocou uma greve de 24 horas para as empresas do sector (CP, Refer, Emef, Fernave, Fergráfica, Ferbritas, TEX, etc.).

A paralisação foi marcada, como refere uma nota da Comissão Executiva da FSTFP/CGTP, na sequência das decisões de um recente plenário de estruturas representativas dos trabalhadores, incluindo-se entre as reivindicações que a motivam, o aumento real dos salários, a unificação dos valores dos prémios, o aumento do subsídio de turno, a redução do horário de trabalho, a negociação do Regulamento de Carreiras, a defesa dos postos de trabalho e dos direitos.

A federação afirma que o conselho de gerência da CP e as administrações das empresas mantêm «propostas de actualização salarial que conduzem, mais uma vez, à redução dos salários reais», enquanto, por outro lado, «o ministro João Cravinho continua a fugir à discussão e negociação do protocolo/compromisso com vista à garantia dos direitos e postos de trabalho, no quadro da actual "reestruturação" do sector».


Sem ilações

Ao reconhecer, na mesa das negociações, que há baixos salários e discriminações entre os ferroviários, nomeadamente na atribuição de prémios (o que é fruto de inúmeras negociatas efectuadas ao longo dos anos e que, na altura, serviram para travar lutas por reivindicações justas), os representantes do conselho de gerência da CP reconheceram que as sucessivas gerências e ministros da tutela foram os principais responsáveis pelas decisões políticas que transformaram num caos o sector ferroviário e a situação laboral dos trabalhadores - afirma o Sindicato dos Ferroviários do Centro.

Num comunicado em distribuição aos trabalhadores, o sindicato protesta por, afinal, aqueles mesmos responsáveis não apresentarem propostas para pôr fim à contínua degradação laboral dos ferroviários.
Classificando as propostas apresentadas pela CP e pelas empresas como «afronta aos ferroviários», o sindicato apela à mobilização e unidade dos ferroviários.
Entre outros casos que suscitam a indignação do SFC/CGTP, no comunicado são referidas as diferentes retribuições atribuídas a categorias profissionais com funções e responsabilidades semelhantes, a apresentação de propostas de aumentos salariais diferenciados, conforme as empresas, para as mesmas categorias profissionais, e a continuação de horários normais de trabalho de 12 horas diárias.


«Avante!» Nº 1266 - 5.Março.97