Grã-Bretanha
Rurais invadem Londres

Com a Torre de Londres como pano de fundo, 250 mil pessoas desfilaram, no domingo, pelas ruas da capital britânica a partir de Hyde Park, numa manifestação com diversos objectivos e com participantes tão variados como aristocratas e ambientalistas.

«Salvem o nosso nível de vida e salvem-nos dos citadinos». Esta frase, escrita num cartaz, resume o espírito da iniciativa. De facto, os fins dos participantes são de tal maneira diferentes que chegam a entrar em confronto. Mas há algo que os juntou nesta manifestação organizada pela Countryside Alliance: a vida no campo. E isto abarca não apenas uma existência mais calma e saudável em relação à urbe, mas também as tradicionais actividades económicas e recreativas dos habitantes rurais.

Foi exactamente um desporto que serviu de pretexto para a manifestação. Amanhã, o parlamento britânico vai debater a proibição da caça de montaria, isto é, a caça de raposas com cães. Esta actividade típica das classes mais elevadas está prestes a ser alvo de uma lei de interdição, medida apoiada pela maioria da população segundo sondagens.

«Ouçam os rurais!», lia-se noutro cartaz. E isso significa também olhar para os prejudicados pela lei que proibe a venda de carne de vaca, uma medida contra o alastramento da BSE.

Esta manifestação representa uma preocupação geral de todas estas pessoas que está para além dos problemas concretos que referem. Trata-se da transformação da sociedade rural com a diminuição dos postos de trabalho, o desaparecimento do pequeno comércio face ao crescimento do número de grandes superfícies, a supressão de linhas de autocarros, o encerramento de escolas por o número de alunos ser considerado insuficiente, a desertificação do interior, a redução das zonas verdes...

Trata-se, no fundo, de expressar a sua preocupação em relação à sobrevivência da sua forma de vida e do seu modo de estar na sociedade. Sentindo-se engolidos pela cidade, os rurais britânicos invadem Londres.