México
Governo expulsa estrangeiros
O padre francês Michel Chanteau foi expulso do México na sexta-feira. O Instituto Nacional de Migração alegou que a sua documentação não estava em ordem, mas a verdadeira razão está estreitamente ligada ao contexto político vivido pela população da região de Chiapas.
Michel Chanteau, em Chiapas há 32 anos e pároco de
Chenallo (San Cristobal de Las Casas), dedicou grande parte da sua vida aos índios
tzotzils e à melhoria das suas condições de vida.
Em Setembro de 1997, após receber ameaças de morte proferidas pelo líder da localidade
- membro do partido no poder, o PRI - , refugiou-se em São Cristobal de Las Casas. Em
Janeiro deste ano, por ocasião do primeiro mês passado sobre o massacre de Acteal (que
resultou na morte de 45 índios, na sua maioria mulheres e crianças), o padre «Miguel»
afirmou que os verdadeiros assassinos não foram presos.
O padre daquela cidade, Felipe Toussaint Loera, afirmou que Chanteau «foi isolado durante
o dia pela autoridades», qualificando a sua detenção «um acto de violação das
garantias individuais e dos direitos do homem».
Trata-se, pois, de uma expulsão por motivos claramente políticos. Mas Chanteau não foi o primeiro. Uma semana antes três religiosos norte-americanos foram repatriados. Em 1996, três estrangeiros foram expulsos de Chiapas por elementos das forças de segurança.
Marcos pessimista
Entretanto, na segunda-feira, o dirigente do Exército Zapatista de Libertação Nacional referiu-se ao estado das negociações de paz. «Não vejo qualquer possibilidade de uma solução imediata», afirmou o sub-comandante Marcos, citado pela agência Lusa.
Marcos disse que a sua organização retomará
imediatamente o diálogo caso o governo conceda a autonomia às populações índias de
Chiapas, desarme os grupos paramiliatres que se opõem ao EZLN e liberte os zapatistas
detidos. «Infelizmente, consideramos que o governo não cumprirá qualquer dessas
condições», acrescentou.
«O exército está presente em Chiapas para punir e não para dialogar», declarou o
líder dos zapatistas, assegurando que «as patrulhas e a presença dos paramilitares
aumentou» depois do massacre de Acteal.
Os Acordos de Santo Andres, assinados no início de 1996 pelo governo e pelo EZLN, previam nomeadamente a autonomia das comunidades indígenas. Esta medida nunca foi implementada por as autoridades afirmarem que coloca em perigo a unidade do país.