SODIA
Protesto em Setúbal



Os trabalhadores da SODIA (Sociedade de Desenvolvimento da Indústria Automóvel), antiga Fábrica da Renault em Setúbal, realizaram ontem uma sessão pública em forma de plenário, em Setúbal, com o objectivo de protestar contra a decisão do governo de encerrar a fábrica.

Em recente comunicado de imprensa, a União dos Sindicatos de Setúbal denuncia os sucessivos bluff do governo em torno de um processo que poderá levar ao desemprego mais umas centenas de trabalhadores, "a acrescentar aos 44.500 trabalhadores sem emprego no distrito de Setúbal (13,8% da população activa)".

Ao longo de dois anos de "falsas promessas de alternativas de produção e de emprego" - sublinha o comunicado - o governo foi incapaz de encontrar uma solução que "permitisse a continuidade de laboração e ocupação dos trabalhadores, tal como prometera para justificar, quer a desistência do processo contencioso encetado pelo governo anterior, quer o acordo com a Renault, feito para vigorar de 1 de Setembro de 96 a 31 de Julho de 98 e que previa a constituição da SODIA para produzir o Clio a vender à Renault".

Neste momento, e apesar de continuar a dizer que anda à procura de possíveis investidores interessados, tudo indica que as alternativas para os trabalhadores são "a indemnização pela rescisão do contrato, a tentativa de colocação noutras fábricas, o apoio à criação de micro-empresas ou a criação de um centro de investigação para a indústria automóvel".

Face a esta situação, a União dos Sindicatos de Setúbel manifesta a sua solidariedade com os trabalhadores da SODIA e exorta-os a continuar a luta activa em defesa do emprego.


PCP quer ouvir o Governo

O Grupo Parlamentar do PCP requereu a convocação de uma reunião da Comissão de Trabalho e Segurança Social da Assembleia da República, com a presença dos ministros da Economia e do Trabalho e Solidariedade Social, para análise do caso da fábrica Renault em Setúbal.

A realizar com carácter de urgência, de acordo com o pedido formulado pelos deputados comunistas Odete Santos e Joaquim Matias, esta reunião visa apreciar a situação decorrente do recente anúncio público de que a fábrica encerrará em 31 de Julho próximo.
Esta decisão, como assinalam os parlamentares do PCP, lança no desemprego cerca de 600 trabalhadores, contrariando as expectativas criadas e os compromissos assumidos pelo Governo.

Importa, pois, encontrar uma solução alternativa que assegure o futuro da fábrica e os postos de trabalho, como tratam de sublinhar os deputados do PCP, na carta que dirigem ao presidente da comissão parlamentar, na qual recordam ser esse um compromisso de que o Governo "não se pode desresponsabilizar nem desresponsabilizar a multinacional Renault".

«Avante!» Nº 1267 - 12.Março.1998