Chilenos contra Pinochet no Senado


A entrada do ex-ditador Augusto Pinochet no Senado chileno continua a provocar os protestos de grandes camadas da população.

No domingo, vários milhares de pessoas reuniram-se em Santiago para manifestar o seu desacordo em relação a esta situação, respondendo ao apelo lançado por toda a esquerda, pelo Partido pela Democracia e pelas Juventudes da Democracia Cristã (ambas elementos da coligação governamental), bem como por diversas organizações como o Agrupamento dos Familiares de Detidos-Desaparecidos durante a ditadura. O parque O'Higgins encheu-se de música, bandeiras vermelhas e do Chile transportadas por manifestantes que pediam um «Chile democrático».

«Pinochet, tu não és chileno, és a reacção, o retrocesso. Alcançaste o teu lugar na História como o traidor, o assassino, o infame. Custe o que custar, havemos de te expulsar», exclamou o presidente da Federação de Estudante da Universidade de Santiagio, Marcos Barraza, na ocasião.

Para o membros do Partido Comunista Jorge Insuza, «Pinochet como senador vitalício é apenas a ponta do iceberg. O facto mais importante é a ingerência do pinochetismo: o modelo económico neoliberal apoiado com o recurso ao militarismo».

«Capitão general, Punta Peuco está à tua espera», disse o presidente da Central Unitária de Trabalhadores, Roberto Alarcón, referindo-se à prisão o general Contreras, ex-chefe da polícia política de Pinochet, cumpre a sua pena. Alarcón não esqueceu o quotidiano vivido pela população e pediu transformações profundas no sistema político e institucional «para que haja mudanças profundas no modelo económico».

Pinochet, que liderou o golpe de Estado que em 1973 depôs violentamente o governo eleito de Salvador Allende e ocupou o cargo de presidente durante 17 anos, ocupou ontem o lugar de senador vitalício sem que tenha sido eleito.

«Avante!» Nº 1267 - 12.Março.1998