Colômbia
Partido de Samper vence legislativas


Segundo os dados publicados até ao fecho da nossa edição, o Partido Liberal do presidente Ernesto Samper venceu as eleições legislativas colombianas, sem que se tenha registado uma renovação significativa.

Mas, se estas eleições revelaram poucas novidades no geral, há que salientar o facto de a abstenção ter descido de 70 por cento (números das legislativas de 1994) para 54 por cento.

Estes valores espelham a vontade da população de modificar as práticas políticas correntes na Colômbia, pôr definitivamente de lado o caciquismo e acabar com a corrupção entre os políticos.

A campanha eleitoral foi, aliás, pautada por escândalos de compra de votos, pela introdução de dinheiro proveniente do narcotráfico e a utilização de fundos públicos em apoio a candidatos preferidos pelo Governo. Um total de 240 candidatos ao Congresso têm pendentes acusações disciplinares e penais.

A participação dos eleitores urbanos desempenhou um papel determinante neste processo. Em Bogotá votaram quase o dobro dos eleitores em relação a 1994, e em Medellín quase 50 por cento mais.

As legislativas - que elegeram 263 congressistas (senadores e representantes) - foram ainda marcadas por grandes surpresas individuais, apesar de cerca de 80 por cento do Senado voltar a estar nas mãos dos políticos tradicionais do Partido Conservador e do Partido Liberal.

A maioria dos candidatos que defendiam «opções cívicas» não conseguiram ser eleitos, mas na nova Câmara de Bogotá haverá uma renovação de alguns rostos, nomeadamente com candidatos relacionados com os meios de comunicação e opositores da política de Samper. É o caso de actrizes, cantoras e jornalistas.

A guerrilha não deixou de marcar presença nas eleições. Anunciando «fazer tudo o possível» para dificultar o processo eleitoral, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) entraram em 77 municípios e foram responsáveis pelo corte da electricidade da cidade de Caquetá. Apenas em nove provícias conseguiram impedir a realização de eleições.

«Avante!» Nº 1267 - 12.Março.1998